Albatroz viajante

Diomedea exulans

Quando os marinheiros portugueses primeiro se aventuraram nos mares ao largo da costa africana depararam-se com grandes aves brancas e negras, de asas pontiagudas. Chamaram-lhes alcatrazes, que os marinheiros ingleses corromperam para albatrozes. 

Nesses tempos era considerada uma ave de mau agouro, a encarnação de marinheiros afogados. Era, por isso, considerado azarento matar um albatroz. Tal superstição não os protegeu das perseguições, pois muitos os capturavam para aliviar a monotonia das refeições nas longas viagens marítimas. 

A descoberta dos seus locais de nidificação levou a uma pilhagem generalizada de ovos e a uma chacina quase total de certas colónias pelas suas penas luxuriantes, muito na moda para cobertas e decorações de vestuário feminino, no início do século XX.

Estão associados a zonas entre a Antárctica e as extremidades sul da América, África e Austrália, zonas ventosas, adequadas ao voo planado destas aves. O albatroz errante, como muitas vezes é conhecido, bem merece o seu nome, pois estudos realizados com a ajuda de vigilância por satélite mostram que este animal pode percorrer entre 3600 e 15000 Km, voando a velocidades de até 80 Km/hora, numa única viagem, enquanto o seu parceiro faz o turno de incubação durante 10 dias.

Infelizmente, actualmente ainda é uma das 16 espécies de albatrozes identificada como globalmente ameaçada, tendo sofrido um declínio acentuado no seu efectivo. Uma das principais causas da sua morte não natural é o afogamento, após ficarem presos em anzóis de pesca de atum de linha longa e redes perdidas ou abandonadas em alto mar. As alterações climáticas e a poluição marinha são igualmente preocupações quanto à conservação desta ave que pode viver até 40 anos. O censo mais recente aponta para que apenas restem 1500 casais a tentar a reprodução por ano.

O maior albatroz vivo, esta ave tem uma envergadura de asa de 3,5 metros e atinge 1,35 metros de comprimento, sendo as fêmeas ligeiramente menores que os machos. O seu peso varia entre os 6 e os 10 Kg.

À distância o albatroz adulto parece inteiramente branco mas de perto notam-se finas linhas onduladas escuras no peito, pescoço e dorso. A zona dorsal da asa passa de negro a branco com a idade.

O bico é geralmente amarelo rosado, recurvado e com  longas narinas externas em forma de tubo (o que justifica o seu nome em gíria inglesa, tubenoses) de cada lado da base do bico, o que está associado a um sentido do olfacto particularmente desenvolvido para uma ave. Parece provável que localizem os seus locais de nidificação, fontes de alimento e umas às outras através do olfacto.

A sua alimentação é variada, sendo frequentemente vistos recolhendo os restos de pesqueiros. No entanto, o grosso da sua alimentação consiste em peixe, lulas e crustáceos, geralmente capturados à superfície durante a noite.

Têm um característico odor corporal, que se mantém mesmo em exemplares conservados em museus.

São capazes de armazenar grande quantidade de óleo no estômago, derivado da sua alimentação rica de organismos marinhos, que é regurgitado para alimentar as crias ou ejectado para afugentar predadores.

Os albatrozes representam o expoente máximo do voo planado, podendo planar durante horas, sem um único bater de asa. Apenas regressam a terra firme para se reproduzir, o que será uma vez a cada 2 anos. Uma ave só se reproduz a partir dos 10-15 anos de idade, escolhendo um parceiro para toda a vida. As aves apenas buscarão novo parceiro se a procriação falhar várias vezes seguidas ou um dos parceiros morrer.

O acasalamento decorre em ilhas remotas subantárticas, em Novembro, e contém exibições espectaculares, como por exemplo, uma pequena dança com as asas e a cauda abertas, esticando os pescoços para cima e para trás. Estes movimentos são acompanhados por um matraquear do bico e grasnidos.

O ninho é um monte de lama e vegetação, localizado numa escarpa exposta com vista para o mar, vulgarmente como parte de uma numerosa colónia. O único ovo colocado pela fêmea é chocado durante 2 meses, por turnos de vários dias, por ambos os progenitores. O jovem pode demorar mais de 3 dias a quebrar totalmente a casca do ovo, permanecendo no ninho durante cerca de mais 9 meses.

Durante as etapas iniciais do seu desenvolvimento os progenitores continuam os turnos no ninho, enquanto o outro busca alimento. Mais tarde, ambos os progenitores partem para o mar, visitando a cria no ninho a intervalos mais ou menos irregulares e apenas o tempo suficiente para alimentar a cria.                   TOPO

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