Classe Arachnida |
Esta classe é a de maior sucesso do grupo dos artrópodes quelicerados (gr. arakhne = aranha), com muito poucas excepções (como o género Limulus, cerca de 10% dos ácaros e uma espécie de aranha) é exclusivamente composta por animais terrestres, embora com ascendência em formas aquáticas. Os seus membros mais conhecidos são as aranhas e os escorpiões mas os mais numerosos são, sem dúvida, as carraças e os ácaros. Pensa-se que deverão ter sido os primeiros do filo a colonizar o meio terrestre, pelo que as suas características mais distintivas estão relacionadas com a adaptação ao meio seco. Nos
aracnídeos o corpo divide-se em cefalotórax
(que resulta da fusão da cabeça e do tórax) e abdómen.
Estas duas partes do corpo do animal estão frequentemente unidas por um
pedúnculo estreito.
Não apresentam antenas. Apenas o cefalotórax apresenta apêndices (6 pares):
O abdómen pode ser dividido curto e largo ou apresentar uma extensão semelhante a uma cauda. A
grande maioria é predadora e captura as presas com a
ajuda das quelíceras e/ou dos pedipalpos e injectando veneno. O veneno, além
de paralisar a presa, inicia a sua digestão, transformando a presa numa pasta
ou líquido. Os aracnídeos não apresentam mandíbulas, pelo que apenas podem
ingerir pequenos pedaços ou alimentos líquidos. Existem igualmente espécies parasitas, como as carraças, mas cuja alimentação continua a ser líquida (sangue). Os escorpiões digerem parcialmente pequenos pedaços do corpo da presa numa câmara anterior à boca. Nestes animais a cauda apresenta um aguilhão associado a uma glândula de veneno, utilizada para paralisar a presa que depois é morta com os grandes pedipalpos. Este veneno da cauda do escorpião tem como principal função a defesa, não a caça. A
excreção é realizada por tubos
de Malpighi ou por glândulas
coxais. O sistema nervoso é centralizado, apresentando um grande cérebro dorsal, o que permite entender os padrões comportamentais complexos, nomeadamente a construção de ninhos e teias, corte e cuidado com a prole. Muitos aracnídeos são nocturnos, mas a maioria é diurna e tem visão e tacto
muito apurados. É frequente
apresentarem quatro pares de olhos
compostos (aranhas). A respiração é realizada por “pulmões” em forma de folha – filotraqueias -, que não são mais que invaginações pregueadas da parede ventral do abdómen, formando uma série de lamelas. O ar entra por uma abertura ventral no abdómen e circula entre as lamelas vascularizadas, onde se realizam as trocas gasosas. Outras espécies respiram através das tradicionais traqueias, como os insectos. Interessante é única espécie de aranha que vive permanentemente debaixo de água (excepto para recolher ar e mudar de exosqueleto). Na realidade estas aranhas respiram ar como as restantes, pois dependem de uma bolsa formada por uma pequena teia e dos pêlos do abdómen, que recolhem o ar atmosférico e o armazenam. Assim, estas pequenas aranhas (5 mm de comprimento em média) levam as presas para o interior dessa bolha de ar para as consumirem, bem como aí colocam os seus ovos.
As
aranhas possuem no abdómen, ventralmente, glândulas
sericígenas que segregam uma proteína elástica e extremamente
resistente que
endurece ao passar por expansões móveis do tegumento designadas fiadeiras.
Os filamentos proteicos são enrolados como uma corda pelas fiadeiras, formando fios
pegajosos com que tecem as teias. Os filamentos de teia são cerca de 5 vezes mais fortes que aço do mesmo diâmetro e podem ser esticados até 4 vezes o seu comprimento inicial, sem partirem. Estudos revelaram que quanto mais fortemente a aranha puxar o fio, enquanto este se forma, mais forte este será depois de endurecido. As teias são igualmente resistentes à água, como se pode comprovar pelo modo com gotículas se forma sobre os filamentos após uma chuvada e não partem com temperaturas até -40ºC. As técnicas de construção de teias são complexas e variadas. Algumas espécies de aranhas tropicais constroem teias tão grandes e fortes que podem capturar pequenas aves, enquanto outras usam pequenas teias que transportam com as patas e lançam sobre a presa. Algumas espécies de aranhas sociais, constroem uma gigantesca teia em comum, cobrindo por vezes árvores inteiras, apesar destes aracnídeos não ultrapassarem alguns milímetros de comprimento. Todas estas teias têm em comum o facto de serem, basicamente, uma estrutura de círculos concêntricos de filamentos pegajosos, apoiados sobre raios formados por filamentos não pegajosos. Esta estrutura permite que a aranha caminhe sobre a teia sem ficar, ela própria, presa na teia. A aranha permanece no centro da teia, com as patas pousadas sobre os filamentos radiais, recebendo vibrações da armadilha. Quando essas vibrações lhe indicam que existe uma presa capturada, a aranha desloca-se velozmente, correndo, novamente o risco de ficar presa na sua própria teia. Aqui entram em acção as suas patas, equipadas com uma espécie de "pêlos", que soltam a extremidade da pata da teia quando esta se desloca. As teias são usadas não só para a captura de alimento mas também para formar casulos onde muitas aranhas colocam os ovos. Essa parece ter sido mesmo a função inicial da produção destes filamentos. Actualmente apenas cerca de um terço das espécies de aranhas capturam as presas com teias, embora todas (e mesmo alguns escorpiões) produzam casulos para os ovos com esses filamentos. Dado que os filamentos deixam de ser pegajosos após cerca de 24 horas, muitas aranhas comem parte da teia e reconstroem a zona danificada. Os grãos de pólen e outras partículas presas na teia velha fornecerão igualmente nutrientes extra. A reprodução é sexuada, com dimorfismo sexual, sendo o macho muito menor que a fêmea. Este transfere o esperma para o interior do corpo da fêmea num espermatóforo, usando para isso os pedipalpos, quelíceras ou mesmo apêndices locomotores. A fecundação é, portanto, interna e os ovos são frequentemente mantidos no interior do corpo da fêmea ou cobertos com invólucros protectores. Em muitas espécies de escorpião os ovos eclodem logo que são expulsos. As mães escorpião transportam a sua prole sobre o dorso para as protegerem. Os estádios larvares ocorrem no interior do ovo. Muitas espécies apresentam cuidados com a prole. |
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