Filo Arthropoda

O filo dos artrópodes (gr. arthros = articulado + poda = pé) contém a maioria dos animais conhecidos (mais de 3 em cada 4 espécies animais), mais de 1 milhão de espécies, muitas das quais extremamente abundantes em número de indivíduos. 

Estão nesta categoria os crustáceos, insectos, aranhas, centopeias, marias-café, bem como outros menos conhecidos e inúmeras formas fósseis.

O filo é um dos mais importantes ecologicamente pois domina todos os ecossistemas terrestres e aquáticos em número de espécies, de indivíduos ou ambos.   A maior parte do fluxo energético desses ecossistemas passa pelo corpo dos artrópodes.

Podem ser encontrados artrópodes acima dos 6000 m de altitude, bem como a mais de 9500 m de profundidade. Existem espécies adaptadas á vida no ar, na terra, no solo e em água doce e salgada. Outras espécies são parasitas de plantas e ecto ou endoparasitas de animais. 

Algumas espécies são gregárias e desenvolveram complexos sistemas sociais, com divisão de tarefas entre as diversas castas.

Considera-se que os artrópodes terão evoluído a partir de animais tipo anelídeo poliqueta ou que teria existido um ancestral comum a anelídeos e artrópodes. A sua relação com outros filos não é clara pois, embora o registo fóssil seja extenso e date desde o Câmbrico, não apresenta formas de transição.

Devido ao peso limitante do exosqueleto, nenhum artrópode atinge grande tamanho, embora existam caranguejos japoneses com 3,5 m de comprimento, com as suas delgadas pernas. A lagosta atlântica atinge 60 cm mas nenhum insecto tem mais que 28 cm de envergadura ou comprimento.

O corpo do artrópode típico é segmentado externamente – metamerização - em diversos graus e as extremidades pares são articuladas, especializadas em forma e função para o desempenho de tarefas específicas. 

Em algumas espécies, durante o desenvolvimento embrionário ocorre a fusão de alguns segmentos, podendo ocorrer a perda de apêndices em alguns deles. Por esta razão, o corpo do artrópode típico pode ser dividido em duas (cefalotórax e abdómen) ou três zonas (cabeça, tórax e abdómen).

Todas as superfícies externas do corpo são revestidas por um exosqueleto orgânico contendo quitina, segregado pela epiderme. Este revestimento é composto por camadas sucessivas de quitina (glícido), proteínas e ceras (praticamente impermeáveis) e lípidos, podendo ser ainda mais endurecido por impregnação de cálcio, como nos crustáceos. 

O exosqueleto apresenta "pêlos" sensoriais exteriormente e dobras e pregas internas, que servem de apoio aos músculos.

O exosqueleto é uma peça fundamental para o sucesso dos artrópodes, pois fornece suporte ao corpo, fornece apoio aos músculos que movem os apêndices, protege contra predadores e, devido a ser impermeável, impede a dessecação, fundamental em meio terrestre.

Em cada articulação existem pares de músculos antagónicos (flexor e extensor), o que leva a movimentos extremamente precisos quando coordenados pelo sistema nervoso altamente desenvolvido. 

Deste modo, os artrópodes deslocam-se de modo muito semelhante ao dos vertebrados, sendo as peças rígidas externas e não internas.

No entanto, o exosqueleto acarreta igualmente dificuldades pois é rígido e pouco expansível, limitando os movimentos, o crescimento e as trocas com o exterior.

Por este motivo, o animal realiza mudas periódicas. Aracnídeos e crustáceos realizam várias mudas ao longo da sua vida, enquanto insectos deixam de realizar mudas após atingirem a maturidade sexual.

O exosqueleto velho é “solto” por enzimas especializadas e um novo é formado por baixo dele, embora permanecendo mole. Quando o novo está formado, o exosqueleto velho fende-se em locais predeterminados e o animal emerge. Enchendo o corpo de ar ou água para o expandir ao máximo, o animal espera que o novo exosqueleto seque e endureça, período em que está muito vulnerável. As mudas provocam, portanto, um crescimento descontínuo.

O problema da falta de maleabilidade é resolvido, em parte, pela segmentação mas também pela presença de membranas mais finas na zona das articulações.  

Em espécies marinhas o exosqueleto é reforçado por carbonato de cálcio e nas espécies terrestres é coberto por uma fina camada de cera, que impede a perda excessiva de água.

De modo a compensar a falta de contacto directo do corpo com o exterior e com os estímulos, o exosqueleto está coberto por cerdas sensitivas.

O sistema nervoso (semelhante ao dos anelídeos, em escada de corda) e órgãos dos sentidos (olhos compostos, por exemplo) são proporcionalmente grandes e bem desenvolvidos, permitindo respostas rápidas a estímulos. Por este motivo, a cefalização é nítida.

O sistema circulatório é composto por um vaso dorsal simples, com zonas contrácteis que funcionam como um coração tubular, donde o sangue passa para uma aorta dorsal anterior. Após este vaso o sangue espalha-se por lagunas.

O sistema respiratório pode apresentar diversos tipos de estruturas, dependendo do meio em que o animal vive. Espécies aquáticas possuem brânquias, enquanto outras respiram pela superfície do corpo. 

Os artrópodes terrestres possuem estruturas internas especializadas, designadas traqueias. Estas são sistemas de canais ramificados, por onde circula ar, comunicando com o exterior por orifícios na superfície do tegumento – espiráculos. Estas aberturas podem, geralmente, ser reguladas.

O sistema digestivo é completo, com compartimentos especializados.

O sistema excretor é igualmente especializado, principalmente nos animais terrestres, onde é formado por tubos de Malpighi. Este sistema é composto por uma rede de túbulos mergulhados na cavidade celómica e em contacto com o sangue, donde removem as excreções. Estes tubos comunicam com o intestino, onde lançam esses produtos, que são eliminados com as fezes.

O celoma é reduzido e ocupado principalmente pelos órgãos reprodutores e excretores. Este facto parece relacionado com o abandono da locomoção que usa a pressão hidrostática.

A reprodução pode ser sexuada ou assexuada. Os artrópodes apresentam sexos separados, com fecundação interna nas formas terrestres e interna ou externa nas aquáticas. Os ovos são ricos em vitelo e o desenvolvimento é quase sempre indirecto, passando os animais por metamorfoses.

Este é o único filo de invertebrados com muitos membros adaptados ao meio terrestre, apresentando, igualmente, os únicos invertebrados capazes de voar, capacidade surgida há cerca de 100 M.a., muito antes da dos vertebrados.                                                                   TOPO

Temas relacionados:

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