Ideias para uma abordagem eficiente ao estudo e ao trabalho de modo geral

  • defina objectivos e balizas e reveja-os frequentemente
  • não adie tarefas: não deixe para amanhã o que é importante, pois não irá desaparecer e apenas se avolumará até ao ponto de ruptura
  • não seja perfeccionista, a perfeição pode tornar-se paralisante
  • aprenda com o seus erros: reveja o seu método de estudo ou trabalho regularmente
  • não estabeleça objectivos irrealistas, estes levam a adiamentos e frustrações
  • evite as crises recorrentes, estas revelam que o seu método não está a funcionar e precisa de revisão
  • concentre-se efectivamente nas tarefas, não se permita distracções e interrupções, aprenda a dizer não quando tal é necessário
  • conheça o ritmo do seu corpo: trabalha melhor de manhã ou à noite?, por exemplo: o melhor momento para memorizar é depois de nos levantarmos e tomarmos o pequeno-almoço, depois da refeição principal o melhor é descansar ou fazer revisões
  • reconheça a necessidade e os benefícios do descanso e relaxação no momento próprio
  • faça intervalos curtos mas totais (10 a 15 minutos a cada hora de estudo) das suas tarefas, de modo a regressar fresco de mente e corpo
  • encontre um espaço físico adequado ao estudo, onde tenha uma posição cómoda, e mantenha-o organizado e devidamente iluminado
  • aprenda a encontrar e usar informação rapidamente
  • aprenda a ler e escrever rápida e rigorosamente, muito útil quando se toma notas (ver abaixo)TOPO
Ideias para tomar notas ou apontamentos

A obtenção de boas classificações em testes e exames assenta na aprendizagem e revisão atempada dos conteúdos abordados mas, em última análise, ambos dependerão da qualidade das notas que tiverem sido tomadas ao longo das aulas ou em pesquisa particular.

As notas tomadas ao longo de uma aula só têm utilidade se forem perceptíveis posteriormente, logo é fundamental anotar o dia, disciplina e assunto de que tratam.

Assim:

  • nunca tente anotar tudo o que ouve, a não ser que uma definição ou seja indicado que é um ditado
  • o objectivo é anotar a estrutura ou o raciocínio, logo oiça e depois escreva, com o mínimo de frases e/ou palavras
  • não se preocupe em ter notas bonitas neste ponto, use abreviaturas para poupar tempo
  • seja rigoroso quando anota bibliografia, termos novos e valores numéricos
  • logo que possível após a aula, organize as suas notas, acrescentando detalhes, se necessário.
  • compare-as com os livros de texto e corrija inconsistências. TOPO
Competências a adquirir ao longo do estudo

A Biologia é uma ciência com uma importante componente prática, implicando o desenvolvimento de atitudes e comportamentos (vulgo competências) adequadas ao trabalho em laboratório e no campo. Muitas destas competências são úteis noutros campos, tanto científicos, como no dia-a-dia, por isso estão salientadas e exemplificadas no quadro seguinte.

Categoria

Exemplo

Competências Gerais

·         apreciar a complexidade e diversidade da Vida e dos processos a ela associados

·         ler e avaliar literatura biológica com um entendimento crítico

·         relatar de forma clara e rigorosa um tópico biológico, tanto escrita como verbalmente

·         avaliar criticamente evidências relativas a teorias e hipóteses em Biologia

·         usar métodos variados no estudo da Vida

Competências Intelectuais

·         pensar independentemente

·         reconhecer e aplicar teorias, conceitos e princípios biológicos

·         analisar e sintetizar criticamente a informação disponível

·         aplicar conhecimentos para obter evidências e formular e testar hipóteses

·         reconhecer e descrever dilemas morais, éticos e legais na Biologia

Competências Experimentais e de Observação

·         realizar procedimentos básicos de laboratório e de campo, bem como compreender os princípios que os regem

·         trabalhar no laboratório ou no campo em segurança, responsável e legalmente, tendo em atenção os aspectos éticos

·         elaborar, planear, realizar e fazer o relatório de experiências biológicas e dados que produzem

·         obter, registar e analisar dados colhidos no laboratório ou no campo

Competências de Comunicação

·         compreender e utilizar dados em diversos formatos (numérico, texto, verbal e gráfica)

·         comunicar de forma escrita, verbal e gráfica

·         referenciar o trabalho de outros de forma correcta

·         utilizar estatística e tecnologia informática para analisar dados

·         usar tecnologias informáticas para comunicar e como fonte de informação em Biologia

Competências Interpessoais

·         trabalhar individualmente ou em grupo, conforme adequado, reconhecendo os objectivos individuais e do grupo

·         reconhecer e respeitar as opiniões de outros

·         avaliar o seu próprio desempenho e o dos outros

·         reconhecer a natureza interdisciplinar da Biologia moderna

Competências de Autogestão

·         trabalhar independentemente, gerindo o tempo e organizando actividades

·         identificar e trabalhar para alcançar objectivos

·         desenvolver uma abordagem eficiente ao estudo e ao trabalho

 TOPO

Estrutura de Relatórios de trabalho experimental em Biologia

A estrutura de relatórios práticos e outro tipo de projecto similar segue o modelo apresentado de seguida ou uma variante muito próxima, dado que este é o modelo utilizado para quase todos os artigos de investigação ou teses.

Parte

(em sequência)

Conteúdo/Objectivo

Ideias para verificação

Título

Explica o trabalho realizado, sem usar linguagem sensacionalista

 

Autores

Explica quem realizou o trabalho, onde e quando foi realizado e onde podem ser contactados

Estão todos os detalhes correctos?

Abstracto/Resumo

Permite ao leitor ter uma ideia da essência do trabalho, deve incluir um resumo dos métodos, resultados e conclusões

Explica porque foi realizado o trabalho?

Revela o conteúdo do trabalho e as conclusões?

Índice

Mostra a organização do relatório, podendo estar ausente em trabalhos curtos

Estão todas as secções identificadas?

Estão os números das páginas correctos?

Introdução

Orienta o leitor, explica as razões por trás da realização do trabalho (objectivos), indica a principal hipótese a estudar

Estão os objectivos claramente referidos?

Está a experiência situada no contexto do estudo a realizar?

Materiais e Métodos

Explica como foi realizada a experiência, com detalhe suficiente para que outro a possa repetir

Todos os passos foram referidos, evitando duplicações desnecessárias?

Estão correctamente identificados os organismos e compostos usados?

Resultados

Apresentação dos resultados obtidos nas experiências, numa forma fácil de compreender

A sequência de experiências é lógica?

Os dados estão apresentados da forma mais clara possível?

As unidades são correctamente utilizadas?

As legendas de figuras e tabelas permitem interpretar os dados sem recurso ao texto?

Estão dados repetidos?

Discussão/Conclusão

Discute os resultados (seu significado, sua importância, compara os resultados com os de outros), sugere o que fazer em seguida

São debatidos todos os aspectos relevantes do trabalho?

As conclusões são justificadas pelos dados obtidos?

Agradecimentos

Créditos a quem ajudou na realização do trabalho

 

Bibliografia

Lista de todas as referências utilizadas na elaboração do trabalho, completa o suficiente para que o leitor as possa encontrar

Todas as referências estão listadas?

Todas as referências bibliográficas foram utilizadas?

A lista está ordenada alfabeticamente?

 TOPO

Regras Básicas de Trabalho em Laboratório
  • usar sempre vestuário protector (bata abotoada);
  • nunca fumar, comer ou beber no laboratório;
  • nunca pipetar com a boca;
  • conhecer os diversos símbolos de aviso;
  • usar a menor quantidade possível de materiais perigosos;
  • ser organizado e limpo;
  • deixar tudo o material e área de trabalho limpos no fim do trabalho.TOPO
Realização de Observações

A observação fornece a informação básica, necessária à formulação de hipóteses, um passo fundamental do método científico.

As observações são obtidas directamente através do nossos sentidos ou indirectamente, com a ajuda de instrumentos que prolongam esses mesmos sentidos, e podem ser:

  • Qualitativas – descritas por termos e incluindo descrições subjectivas desses mesmos termos (cor, forma, odor, etc.). Geralmente são registadas através de fotografias ou desenhos;
  • Quantitativas – valores numéricos obtidos por contagem ou medições de uma variável, geralmente com a ajuda de um instrumento.

São vários os factores que influenciam a qualidade das observações realizadas:

  • Percepção – envolve mecanismos sensoriais e intuitivos, pelo que a interpretação do que é observado depende muito do que já se sabe ou do que já foi observado antes. As ilusões de óptica são outro problema causado pela percepção;
  • Precisão e erro – dependem do rigor e qualidade do procedimento e dos instrumentos usados;
  • Artefactos – características artificiais, introduzidas no material a observar, em geral durante processos de tratamento pré-observação (fixação para microscopia, por exemplo).TOPO
Registo de Observações em esquemas e diagramas

 A realização de esquemas, diagramas e desenhos em Biologia é fundamental, pois permite desenvolver a capacidade de observação: é necessário observar cuidadosamente um espécime para o esquematizar correctamente, bem como a legendagem de um diagrama nos obriga pensar nas estruturas que o compõem e sua função.

De modo geral, existem três tipos de figuras em Biologia:

  • Células – neste tipo de esquema, o objectivo é revelar correctamente os detalhes da estrutura de uma célula individual, mesmo que parte de um tecido. Em geral utilizam-se ampliações de 200x, ou mais, na observação. O esquema deve ser detalhado mas não deve abranger mais do que 3 ou 4 células, especialmente se forem todas semelhantes. Pode mesmo desenhar uma única célula inteira e parte das células adjacentes, de modo a revelar a sua relação no tecido. A legenda deve identificar as estruturas visíveis;
  • Tecidos – pretende-se neste tipo de esquema revelar a organização das células em parte do corpo ou órgão de um organismo. Assim, não devem ser incluídos muitos detalhes celulares (a não ser que importantes na interpretação da imagem) e os sombreados devem ser reduzidos ao mínimo.;
  • Morfologia geral e plano geral do organismo – no primeiro caso quer-se uma representação do organismo como em vida, mostrando as suas principais características externas, enquanto no segundo pretende representar-se as relações entre as diversas partes (vulgarmente após uma dissecação). Também aqui o sombreado deve ser evitado e as legendas devem ser completas.

Alguns passos fundamentais devem ser seguidos na construção de esquemas em trabalhos biológicos:

  • Que parte desenhar;
  • De que tamanho será o esquema;
  • Onde, na página, colocá-lo;
  • Após o início do desenho:
    • desenhar o que se e não o que se esperava ver;
    • ser cuidadoso nas proporções;
    • evitar sombreados;
    • evitar detalhe excessivo, especialmente em esquemas de tecidos ou órgãos;
  • legendar cuidadosamente o esquema;
  • dar um título, uma escala e legenda, incluindo a designação comum e científica (se conhecida) do organismo, parte do corpo esquematizada, ampliação, corantes usados, etc.TOPO
Dissecação de organismos: objectivos e prática

A dissecação de organismos, especialmente animais, envolve a exposição ou remoção de partes de um organismo morto. Esta técnica está vulgarmente ao ensino da estrutura animal mas os seus fundamentos são vulgarmente usados noutras áreas.

Existe grande controvérsia sobre a ética de utilizar animais para dissecação mas deve haver o cuidado em distingui-la da vivissecção e de reconhecer que certos conhecimentos só serão devidamente adquiridos com a sua utilização.

Existem, no entanto, algumas regras básicas que devem ser respeitadas, de modo a que este procedimento seja aceitável:

  • tratamento humano dos organismos – a utilização de um animal, seja qual for o seu nível de organização, numa experiência deste tipo só pode ser feita atendendo a que não haja sofrimento na sua morte e manipulação;
  • benefício máximo – cada animal deverá ser usado no máximo possível de experiências, para que se reduza o número de organismos sacrificados;
  • preparação – não avance para uma experiência deste tipo às cegas, evitando matar um animal se não for tirar o máximo partido da situação.

Os seus objectivos principais são:

  • exploração pessoal da estrutura e função animais;
  • desenvolvimento de técnicas de manipulação;
  • produção de relatórios baseados na observação pessoal.

A dissecação pode ser realizada em três níveis de sofisticação, directamente relacionados com o tamanho do organismo ou estrutura em estudo: a dissecação grosseira envolve organismo de grande tamanho, enquanto a dissecação normal se aplica a animais do tamanho de um cão até ao de uma minhoca. A dissecação fina só se aplica a órgãos ou animais pequenos e necessita de lupas e/ou microscópios de dissecação.

Os passos fundamentais de uma dissecação são os seguintes:

  • morte do animal – o método para a morte deve ser escolhido cuidadosamente, sendo o mais humano possível e de modo a manter o espécime relaxado. A morte deve ocorrer o mais próximo possível da experiência. Se o espécime tiver sido preservado, lava o excesso de fixador antes da dissecação;
  • orientação do espécime – identifique as faces ventral/dorsal, anterior/posterior ou oral/aboral, decidindo então a correcta orientação. Invertebrados são geralmente dissecados a partir da face dorsal, enquanto os vertebrados o são a partir da face ventral (devido à posição do cordão nervoso);
  • abertura da cavidade corporal – esta operação deve ser feita com grande cuidado, levantando a pele com uma pinça e cortando uma pequena abertura. De seguida, esta abertura é alargada seguindo o eixo antero-posterior e lateralmente, sendo a pele rebatida para os lados e presa com alfinetes;
  • passos seguintes dependem dos objectivos – para revelar os sistemas que se deseja observar é necessário:
    • identificar órgãos, vasos sanguíneos e nervos visíveis;
    • separação dessas estruturas das membranas que os envolvem e mantêm no local;
    • remoção ou deslocamento de órgãos que cobrem partes do sistema que se pretende observar;
    • arrumar e lavar resíduos e sangue, em preparação para esquematizar e tomar notas do observado.

Finalmente, algumas ideias para melhorar a sua técnica de dissecação:

  • colocar os alfinetes obliquamente, de modo a que não interfiram com os restantes procedimentos;
  • dissecar invertebrados em água pode ser bastante útil pois os órgãos e membranas flutuam, revelando melhor a sua estrutura em vida;
  • vertebrados devem ser dissecados ao ar mas removendo fluidos com algodão a intervalos regulares;
  • mantenha os tecidos sob tensão;
  • corte longe dos órgãos, especialmente ao abrir a cavidade corporal;
  • use equipamento de dissecação de tamanho adequado;
  • não retire estruturas antes de as ter identificado correctamente;
  • disseque ao longo das estruturas e não transversalmente a elas;
  • use espécimes frescos sempre que possível pois os fixadores tornam os materiais rijos e quebradiços;
  • mantenha os seus instrumentos limpos e afiados;
  • seja higiénico – use luvas de borracha se tiver cortes ou outro tipo de lesão nas mãos. Lave mãos e equipamento cuidadosamente no fim da experiência e tenha cuidado no modo como dispõe dos restos orgânicos.TOPO

simbiotica.org

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