Filo Bryophyta

De todas as plantas não traqueófitas (sem vasos condutores), os musgos são as mais familiares mas existem outros grupos importantes, como os antóceros e as hepáticas. Actualmente considera-se que o termo briófita é mais correctamente aplicado aos musgos, não incluindo os restantes grupos. Por uma questão de facilidade, vamos manter a designação de briófita para todas as plantas não traqueófitas, fazendo as devidas salvaguardas sempre que necessário.          

As briófitas são um grupo de plantas pouco especializadas, algumas extremamente simples (antóceros, por exemplo), revelando nitidamente a sua relação filogenética com as algas verdes.

Antócero, mostrando o motivo porque em inglês se designam horn (chifre) worts

Existem mais de 9500 espécies de musgos apenas, cuja distribuição vai desde as zonas tropicais húmidas a desertos (quentes ou frios). 

A grande maioria dos musgos, hepáticas e antóceros forma densos tapetes de pequenas plantas, raramente maiores que alguns centímetros de altura. No entanto, existem espécies com cerca de um metro de altura. Conseguem sobreviver, num estado de animação suspensa durante longos períodos de tempo, "renascendo" em presença de água líquida.

As briófitas foram as primeiras plantas a deixar o meio aquático e a colonizar o meio terrestre. No entanto, estas plantas mantêm uma grande dependência da água líquida para a sua sobrevivência, sendo, por isso, consideradas os “anfíbios das plantas”.

De modo geral, as briófitas são extremamente sensíveis à poluição, sofrendo uma drástica redução de variabilidade nessas zonas.

A Funaria é um género de musgo muito comum, facilmente encontrado em zonas abrigadas e húmidas do nosso país. Trata-se de uma planta muito simples e pouco diferenciada, geralmente não atingindo mais que 1 ou 2 cm de altura, e que forma maciços com centenas de indivíduos, o que lhe permite manter mais eficientemente a humidade de que necessita.

Musgo com esporogónios (esporófito) em desenvolvimento

O corpo de um musgo típico é constituído por:

  • Rizóides, que apenas têm a função de aderência ao substrato pois a absorção de água e sais minerais ocorre directamente através das células aéreas. Este facto é explicado pela ausência de verdadeiros vasos condutores de água e açúcares nos musgos;  

  • Caulóide que consiste numa epiderme, parênquima e  uma zona central com células alongadas mas sem espessamentos, com função de ajudar no transporte de água e nutrientes. A falta de células espessadas no caulóide é outro dos motivos porque os musgos não atingem grande tamanho;  

  • Filóides fotossintéticos, com apenas uma célula de espessura, com excepção da “nervura” central – costa - que é um pouco mais espessa. Os primeiros filóides que se formam são sobrepostos mas os seguintes formam uma espiral, em torno do caulóide. Nas partes aéreas, os musgos podem apresentar estomas.

Para que as hepáticas, o segundo grupo mais importante de briófitas, não fiquem ignoradas, o quadro seguinte tenta estabelecer uma comparação entre características de musgos e hepáticas, embora sejam mais as excepções a estas regras do que as que gostaríamos de reconhecer. Os antóceros são bastante semelhantes às hepáticas (com excepção da forma do filóide, que será alongada (como um chifre) nos antóceros.
Características Musgos

Hepáticas

Rizóides multicelulares unicelulares
Arranjo dos filóides espiral grupos de 3
Costa (filóide) presente ausente
Caliptra notória pouco diferenciada
Caulículo e filóides presentes raramente presentes
Contorno do filóide liso ou com pequenos pêlos nitidamente lobado e com depressões
Abertura da cápsula perístoma cápsula separa-se em diversas valvas ou desintegra-se

                                                                                                                                                                                                            TOPO

Reprodução no Filo Bryophyta (Classe Musci)

Os musgos podem reproduzir-se assexuadamente por fragmentação pois certas partes do caulóide e filóides podem originar novas plantas em condições favoráveis (época das chuvas).

A reprodução sexuada pode ocorrer entre indivíduos monóicos (produzem os dois tipos de gâmetas) ou dióicos (produzem apenas um tipo de gâmeta), no entanto os fenómenos são em tudo idênticos.

Na Funaria, é na planta adulta que se desenvolvem os órgãos reprodutores. Estes estão localizados na extremidade das plantinhas e designam-se gametângios

Os gametângios masculinos são os anterídeos e são estruturas pluricelulares globosas, rodeadas de “pelos” estéreis designados paráfises. Também por mitoses, formam-se no anterídeo numerosos gâmetas masculinos, os anterozóides, pequenos e biflagelados. 

Esta diferenciação morfológica, bem como o facto de o gâmeta feminino não ser libertado do gametângio, permite considerar esta uma situação de oogamia.

Quando os gâmetas se encontram prontos e as condições são adequadas, os anterozóides são libertados para o exterior e nadam na água mantida entre as plantinhas até ao arquegónio, onde penetram no colo e, ao atingir o ventre, fecundam a oosfera, originando o zigoto.  

Arquegónios (gametângios femininos) Anterídeos (gametângios masculinos)

Os gametângios femininos são os arquegónios e são estruturas pluricelulares, em forma de garrafa. A zona basal, mais dilatada, do arquegónio é o ventre, onde se localiza o gâmeta feminino, a oosfera. A zona longa e estreita do arquegónio, colo, apresenta um canal, resultante da desintegração das chamadas células do canal do colo, que originam um tubo com uma consistência gelatinosa por onde se introduzirá o gâmeta masculino. 

Este tipo de estrutura permite proteger e hidratar o gâmeta feminino em meio terrestre. A oosfera, grande e imóvel, forma-se no ventre por mitose.  

O zigoto fica encerrado no arquegónio, logo, ao germinar, irá crescer sobre a planta-mãe (musgo monóico) ou sobre a planta feminina (musgo dióico). 

A germinação do zigoto vai produzir uma estrutura pluricelular alongada, o esporogónio

Este é formado pela seta , ou seda, que sustenta uma cápsula. A base do esporogónio retira alimento da planta-mãe pois não é fotossintético, é parasita da planta. 

O crescimento do esporogónio vai rasgar o arquegónio, cujos restos permanecem, por vezes, sobre a cápsula, como um pequeno “capuz” designado coifa ou caliptra.

No interior da cápsula, ou esporângio, localizam-se as células-mãe dos esporos, as quais sofrem meiose, dando origem a esporos

Dado que todos os esporos são iguais, a planta designa-se isospórica

Quando os esporos estão maduros, a cápsula abre-se por explosão de uma tampa ou opérculo, revelando um anel de “dentes”  designado perístoma. Estes dentes vão-se enrolando lentamente, em contacto com o ar seco, libertando os esporos.

Os esporos são levados pelo vento, germinando em condições favoráveis de temperatura e humidade, dando origem a uma estrutura multicelular filamentosa designada protonema. O protonema irá, depois, dar origem a um novo musgo. 

 

Esporogónio (esporófito) com perístoma visível Cápsula (esporângio) em corte longitudinal Protonema (gametófito) de um musgo

                                                                                                                                                                                                            TOPO

Temas relacionados:

Ciclos de vida em plantas   Reino Plantae   Filo Tracheophyta

simbiotica.org

Bookmark and Share