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Sistema excretor |
Como
já se viu, as formas de vida mais simples realizam as suas trocas directamente
com o meio, enquanto os seres mais complexos utilizam o sangue e outros fluidos
como intermediários. A manutenção da composição dos fluidos internos dentro de limites adequados á vida das células designa-se homeostasia e é uma condição fundamental à vida. De
entre os numerosos mecanismos envolvidos nessa manutenção da homeostasia
destacam-se:
A maioria dos animais apresentam sistemas excretores eficientes, que contribuem também para a manutenção da composição do meio interno, ajustando a quantidade de sais e outras substâncias. No
metabolismo celular são produzidas excreções, que devem se eliminadas. Algumas, como o CO2 são libertadas pelas superfícies respiratórias,
mas os resíduos azotados devem ser retirados pelos sistemas excretores. A estes
cabe igualmente a tarefa de gestão do conteúdo hídrico do corpo. Nos
seres unicelulares ou multicelulares simples os resíduos azotados são
libertados para o meio por difusão através da superfície do corpo. Nos
animais complexos a reduzida razão área/volume impede essa solução, surgindo
sistemas especializados nessa função. Todos
os sistemas excretores realizam três processos
fundamentais:
Pode-se, portanto, concluir que os produtos excretados incluem moléculas tóxicas e moléculas em excesso no organismo. Os
produtos azotados podem ser eliminados sob diversas
formas, dependendo do animal e do meio em que vive:
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Estudo comparativo do sistema excretor |
Dada a importância deste tipo de sistema, mesmo os animais invertebrados os apresentam, embora sejam geralmente tubulares e simples. Os platelmintes possuem sistema excretor sob a forma de nefrídeos (tubos simples abertos para o exterior por poros excretores). Dada a simplicidade destes tubos são igualmente designados protonefrídeos e geralmente distribuem-se por todo o corpo, embora nalgumas espécies possam existir apenas um ou dois pares. Cada túbulo termina em fundo de saco alargado com uma célula-flama terminal especializada em recolher dos fluidos corporais os resíduos, geralmente sob a forma de amónia. A designação de célula-flama deriva da presença de um ou mais cílios, cujo batimento permanente faz lembrar uma chama e cria um ligeiro vácuo na extremidade fechada do protonefídeo. As moléculas de pequenas dimensões dos fluidos corporais atravessam as membranas permeáveis da extremidade do tubo, sendo as maiores retidas. Estes resíduos são, depois, empurrados pelos tubos para o exterior pelo batimento dos cílios, saindo pelo nefridióporo na parede do corpo do animal. No entanto, ainda parte dos resíduos são lançados para a cavidade gastrovascular. Como existe um sistema circulatório fechado, nos anelídeos há uma associação íntima entre este sistema e o excretor, neste caso formado por metanefrídeos. Estes órgãos especializados na excreção são formados por um tubo aberto nas duas extremidades e mais ou menos enrolado, dependendo do ambiente em que o animal vive (quanto mais seco mais longo e enrolado para reabsorver o máximo de água). A extremidade mais interna abre na cavidade celómica através de um funil ciliado – nefróstoma – e a extremidade externa abre na parede do corpo por um poro excretor ou nefridióporo. Cada segmento contém um par de metanefrídeos que recolhem resíduos do segmento anterior, envolvidos por capilares que reabsorvem as substâncias úteis. As excreções, principalmente amónia, são armazenadas temporariamente numa zona do tubo designada bexiga, que é esvaziada regularmente. A urina é diluída, compensando a entrada de água por osmose pela pele fina (no caso dos anelídeos clitelados, como as minhocas). Nos insectos e outros artrópodes terrestres com sistema circulatório aberto, a excreção é feita por túbulos de Malpighi. Estas estruturas localizam-se na parte posterior do corpo, ligadas ao tubo digestivo na zona de transição entre o intestino médio e posterior, podendo existir apenas um par ou algumas centenas. A extremidade livre do tubo é fechada e está mergulhada no hemocélio, ocorrendo a filtração através da sua parede. As células da parede do tubo transportam activamente ácido úrico, iões potássio e sódio, entre outros, da hemolinfa para o seu interior. Devido ao aumento de pressão osmótica dentro do tubo, a água é também recolhida. O filtrado é, depois, conduzido ao recto com a ajuda das paredes musculosas dos tubos, onde são reabsorvidos parte dos sais e, novamente devido ao gradiente osmótico criado, a água. O ácido úrico restante precipita devido à diferença de pH que ocorre ao longo do tubo (é cada vez mais básico, à medida que se aproxima do recto), sendo eliminado com as fezes, numa pasta semi-seca, muito eficiente do ponto de vista de regulação hídrica em meio seco. Apesar da variedade de animais incluídos nos vertebrados, bem como a variedade de meios em que vivem, o sistema excretor é semelhante e composto por rins. Estes são órgãos compactos, cuja unidade funcional é o nefrónio, tubos excretores associados a capilares sanguíneos. Os nefrónios revelam um gradual aumento de
complexidade ao longo da evolução do grupo, desde os peixes aos mamíferos. Essa evolução pode ser seguida ao longo do desenvolvimento embrionário:
Novamente
apenas por uma questão de facilidade ir-se-á estudar o rim humano em mais
detalhe, recordando que este representa a estrutura excretora dos vertebrados
terrestre.
O nefrónio é a unidade estrutural e funcional do rim dos mamíferos, sendo composto por um tubo mais ou menos enrolado, de paredes metabolicamente activas e cheias de microvilosidades – tubo urinífero -, associado a numerosos vasos sanguíneos, entre eles duas redes capilares – glomérulo de Malpighi e rede peritubular. O
tubo propriamente dito é formado pela cápsula de Bowman, tubos contornados proximal e
distal,
separados pela ansa de Henle. Vários
tubos uriníferos desaguam num tubo colector, que abrirá no bacinete,
uma zona central do rim, donde partem os ureteres
em direcção á bexiga. Esta abre para o exterior
através da uretra. Na
parte vascular do nefrónio o sangue, vindo da artéria
renal, entra na cápsula de Bowman pela arteríola
aferente, que se capilariza formando o glomérulo
de Malpighi no interior da cápsula. Estes capilares reúnem-se na arteríola
eferente, que se irá novamente capilarizar em volta dos tubos
contornados e da ansa de Henle, formando a rede
peritubular. Estes capilares formam vénulas
que irão terminar na veia renal. A
arteríola eferente apresenta um diâmetro menor que a aferente, aumentando a
pressão no interior do glomérulo e forçando uma filtração
abundante. Por este motivo, o sangue flui passivamente e com baixa pressão para
a rede peritubular, facilitando os fenómenos de reabsorção
e secreção.
No
tubo urinífero podem distinguir-se as seguintes zonas, onde ocorrem diversos fenómenos:
A
urina produzida no final destes processos apenas conterá 1% da água
inicialmente filtrada, uma pequena parte dos sais e nenhum nutriente. |
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Osmorregulação em Vertebrados |
No
meio aquático existe grande variação na concentração de solutos. Deste
modo, vertebrados que vivem em água doce enfrentam problemas muito diferentes
dos que vivem em água salgada, em relação á manutenção da pressão
osmótica. Para
realizar essa adaptação, surgiram variações na estrutura básica do nefrónio,
tal como foi estudada, entre outras adaptações específicas. Assim, estes animais não bebem água, possuem glomérulos muito desenvolvidos e eliminam grande quantidade de urina muito diluída (hipotónica). No entanto, este facto acarreta a perda de sais, pelo que nos peixes ósseos existem células especializadas nas brânquias, que transportam activamente sais para o corpo. Em meio aquático salgado coloca-se o problema inverso, ou seja, os fluidos corporais são hipotónicos em relação ao meio, tendendo o animal para a perda de água por osmose. Os glomérulos são muito reduzidos ou mesmo ausentes, formando pouca quantidade de urina isotónica com o meio (hipertónica em relação á dos peixes de água doce). Como compensação, estes animais engolem grande quantidade de água mas como esta é salgada excretam activamente grandes quantidades de sal, por células especializadas nas brânquias. Aves e répteis marinhos apresentam glândulas do sal que abrem no bico e que secretam activamente sais. Na
maioria dos vertebrados terrestres
os rins actuam juntamente com a pele, pulmões e sistema digestivo para
realizar a osmorregulação:
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Quadro resumo da excreção e osmorregulação em alguns filos |
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Temas relacionados: |
Estrutura animal Tecidos animais Sistema digestivo Sistema circulatório Defesa imunitária Sistema respiratório Sistema nervoso Órgãos dos sentidos Sistema reprodutor Reino Animalia Estrutura vegetal |
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