A história da Vida na Terra é uma história de extinções, tendo os paleontologistas identificado 5 períodos relativamente curtos (1 a 10 milhões de anos) de extinção em massa. O mais significativo ocorreu no final do Pérmico, que terá eliminado entre 77 e 96% das espécies existentes na época.

No entanto, mesmo fora destes 5 períodos "catastróficos" a taxa de extinção nunca é nula, variando grandemente e atingindo picos com intervalos de cerca de 25 a 28 M.a. só nos últimos 250 M.a. Estas extinções naturais ocorrem, no entanto, ao longo de períodos relativamente longos, permitindo a evolução de novas formas, talvez melhor adaptadas, talvez apenas "sortudas" ... Isso não é o que acontece na actualidade, com a ajuda do Homem!

Extinções entre 1600 e 1949, apenas em relação a megafauna

Actualmente, numerosos grupos de vida selvagem estão em sério perigo de extinção, devido à destruição do seu habitat, captura excessiva ou caça furtiva, etc.

Estima-se que a presente taxa de extinção na Terra é 50 a 100 vezes superior à que existiria em condições naturais, ou seja, entre 100 e até 10000 espécies extinguem-se por ano. Este problema ameaça a biodiversidade do planeta com perdas colossais e irreversíveis.

Em 2000, a maior alteração verificada na biodiversidade dos mamíferos foi o enorme aumento do número de espécies de primatas ameaçadas (96 para 116, das quais 19 estão criticamente ameaçadas). Na realidade, a única espécie de primatas não ameaçada é o Homem.

Nas aves, os albatrozes e petréis são os que sofreram perdas maiores, com 55 espécies ameaçadas, quando em 1996 apenas 3 se encontravam nesta situação. Este facto deve-se à pesca com redes e anzóis de linha longa. Actualmente, uma em cada 8 espécies de aves estão gravemente ameaçadas (por exemplo, 25% das espécies de papagaios estão ameaçadas). A desflorestação de zonas como Indonésia e Filipinas também têm causado enormes perdas em passeriformes e papagaios.

Um número importante de anfíbios têm desaparecido, rápida e inexplicavelmente, tanto da América central como da Austrália, por exemplo, mas igualmente de zonas altas da América do Norte. O número total destes animais desceu 15% entre 1960 e 1966 e desde então tem descido cerca de 2% ao ano, em média. As principais causas para esta situação calamitosa são as de sempre, drenagem de zonas húmidas para reprodução ou impedimento de acesso a elas (estradas, por exemplo), uso excessivo de pesticidas e fertilizantes, introdução de predadores exóticos, etc.

Nos répteis são de salientar, por motivos pouco felizes, as tartarugas com 47 espécies ameaçadas. Esta situação deve-se não apenas à deterioração do meio mas também devido à excessiva captura, tanto com fins "medicinais", como para alimentação. No entanto, não são as únicas espécies em grande perigo, pois estudos parecem revelar que o número total de répteis apresenta um declínio ainda mais acelerado que o dos anfíbios. Estes animais ocupam meios semelhantes frequentemente, sendo sujeitos a pressões igualmente graves, com a agravante de necessitarem de territórios maiores e a fragmentação de habitats ter uma maior influência no seu desenvolvimento.

Outros grupos marinhos, como tubarões, cavalos-marinhos, garoupas, mamíferos marinhos, entre outros, confirmam a preocupante tendência dos ecossistemas marinhos para sofrer dos mesmos problemas que os terrestres (fraco potencial reprodutor, doenças desconhecidas, redução de área de distribuição, exploração excessiva, destruição de habitat e espécies invasoras).

Estudos relativos a invertebrados não são ainda muito extensos mas mesmo assim já é perceptível a mesma tendência: borboletas, libélulas, gastrópodes e crustáceos de água doce, são apenas alguns exemplos de espécies ameaçadas.

Geralmente apenas se mencionam animais mas também as plantas estão em situação difícil, com 5611 espécies em perigo (por exemplo, 25% das coníferas estão ameaçadas). 

Considera-se que mais de 70%  das florestas do mundo já desapareceram e os restantes 30% estão em grande risco, devido à pressão de industrias do papel, madeireira e farmacêutica. No entanto, estudos mais aprofundados deverão ser realizados brevemente.TOPO

Não há dúvida que a influência humana nos ecossistemas tem sido historicamente importante do declínio da biodiversidade, nomeadamente:

  • Perda de megafauna (animais com mais de 44Kg de peso) - embora questionada por alguns cientistas, que a atribuem a alterações climáticas, e sem que esses aspectos possam ser postos de lado, tem sido notado que com o avanço geográfico da espécie humana nas Américas e Austrália, cerca de 73% dos mamíferos de grande porte se extinguiram (mamutes, mastodontes, camelos, preguiças gigantes, etc.). Como óbvia consequência dessas extinções, os predadores que deles se alimentavam também desapareceram (leões, tigres dentes de sabre, etc.);

  • Perda das grandes aves insulares - em todo o mundo, nos séculos XV e XVI, cerca de 1000 a 2000 espécies de grandes aves foram as vítimas seguintes, devido a caça, competição e/ou destruição de habitat causada pelo Homem e pelos animais que introduziu (ratos, cães, gatos, etc.). Estas aves geralmente não voavam e eram os predadores de topo nessas ilhas. Se existissem mamíferos de grande porte seguiam o mesmo caminho, o da extinção;

  • As "ilhas" terrestres - há cerca de 50 a 100 anos, o desenvolvimento da sociedade humana criou as chamadas "ilhas" terrestres, ou seja, o habitat tornou-se fragmentado, impedindo migrações e contacto entre as diversas populações de uma espécie. Os organismos são afectados num efeito dominó, pois os maiores e as colónias não podem viver em fragmentos reduzidos e os restantes são por estes arrastados. Neste momento, 4/5 das florestas do mundo foram perdidas;

  • Proliferação de espécies invasoras - as actividades humanas (comércio, lixeiras, despejos, fertilizantes, por exemplo) provocam a proliferação de certos tipos de organismo (algas, gado, moscas, ratos, etc.), que se tornam nocivos para o habitat e para outros. O Homem introduz plantas ornamentais, animais domésticos e até doenças nos ecossistemas, capazes de destruir completamente a fauna e flora nativas, devido á ausência de predadores ou à existência de toxinas para as quais os organismos não têm resistência;

  • Poluição - materiais sintéticos e/ou orgânicos (fertilizantes, resíduos domésticos, etc.) são lançados nos rios, oceanos e mesmo continentes, sem qualquer tratamento;

  • Utilização excessiva dos recursos - industria madeireira, médicas, pesca, caça (autorizada e furtiva), captura de organismos para animais de estimação, etc. apenas se preocupam com os lucros, não tendo em conta a sustentabilidade ou os danos causados;

  • Organismos transgénicos - na agricultura e pecuária tradicionais, a variedade de estirpes era alcançada por selecção de certas características preexistentes no fundo genético da população. 

    Na natureza a diversidade existe mas é limitada (uma roseira pode cruzar-se com outro tipo de roseira mas nunca com um rato). Mesmo organismos aparentemente próximos como os cavalos e os burros produzem descendentes estéreis. Estas barreiras são essenciais para a manutenção da integridade genética das espécies. Com as técnicas de engenharia genética, estas barreiras desaparecem, pode-se transferir o gene que codifica uma proteína que impede a congelação do sangue de um peixe árctico para um tomateiro, de modo a torná-lo resistente à geada.

TOPO

Todas estas situações originam as terríveis listas que podem ser consultadas nas páginas a seguir indicadas, mas muitas outras podem ser encontradas (sem grande melhoria no conteúdo, apesar de tudo):

  Fauna ameaçada em Portugal      Espécies ameaçadas mundialmente    Extinção em Massa  

 

Em Biologia consideram-se três categorias de organismos:

  • ameaçado - espécie em sério risco de extinção, cuja sobrevivência não é provável se os factores de risco continuarem presentes;

  • vulnerável - espécie que se tornará ameaçada brevemente, caso os factores de risco permaneçam presentes;

  • rara - espécie com efectivos reduzidos a nível mundial.

Infelizmente mais e mais organismos entram para estas listas a cada dia, pois nos poucos minutos que demora a ler esta página milhares de Km2 de floresta tropical estão a ser queimados ou cortados e milhões de organismos estão a ser mortos, seja por puro prazer, pela sua pele ou penas, pelas suas alegadas capacidades medicinais ou afrodisíacas, etc.

A caça à baleia parece estar a ter um regresso em força, embora ninguém utilize óleos ou barbas de baleia hoje em dia ...

Milhares de hectares de floresta amazónica são destruídos para dar espaço a gado e a culturas (muitas vezes transgénicas)

Derrames acidentais ou lavagem clandestina de tanques em alto mar resulta na morte de muitos organismos marinhos

Esgotos não tratados são lançados nos rios e oceanos, causando perturbações a longo prazo 

Também o negócio da pele de foca não terminou, apenas parece ter passado de moda nas notícias ...

Smog cobre as grandes cidades de fumos tóxicos

Elefantes são mortos pelo seu marfim e pêlos

Rinocerontes, uma espécie protegida, são mortos devido aos alegados poderes afrodisíacos do seu corno

Tigres ainda são caçados, apenas pela sua pele ou pela "bravura" que o seu caçador terá

No entanto, é  preciso lembrar que ameaçado significa que ainda pode ser salvo! Cada um de nós pode ainda fazer alguma coisa, por pequena que nos pareça, para mudar este estado de coisas. TOPO

Temas relacionados:

Organismos extintos   Impacto humano   Organizações conservacionistas

simbiotica.org

Bookmark and Share