Desde muito cedo na investigação biológica que foi constatado que todos os
organismos vivos dão origem a descendentes “iguais” a si, ou seja, gatos
originam gatos e não canários, por mais gerações que passem.
Por
outro lado, apesar da enorme quantidade e variedade de organismos, existem
numerosos pontos de proximidade entre eles, nomeadamente a sua constituição química,
o seu metabolismo, as suas células, etc.
Assim,
pode-se considerar que em cada indivíduo existe um programa
biológico que é passado de pais para filhos e que condiciona a forma e
o funcionamento dos organismos. Onde
se localiza e como funciona esse programa?
A célula, como sistema complexo, deve ter um centro de
controlo da sua actividade. Devido
à sua presença quase universal em células eucarióticas, já em 1838
Schleiden propôs que o metabolismo celular estaria relacionado com o núcleo.
Este
facto acabou por ser confirmado por numerosas experiências, que mostraram que o
núcleo detém a coordenação das actividades metabólicas, divisão e
transmissão da informação hereditária das células.
Vejamos
algumas dessas experiências:
Hammerling
utilizou nas suas experiências uma alga clorófita do género Acetabularia,
unicelular mas de grandes dimensões (cerce de 2 cm), constituída por uma
base, onde se encontra o núcleo e donde saem rizóides, um caulículo e um
“chapéu”, cuja forma varia com a espécie. Nesta experiência foram
utilizadas duas espécies: Acetabularia mediterranea com “chapéu” de
bordo liso e Acetabularia crenulada com “chapéu” de bordo
rendilhado.
-
Situação
A – foi separado o “chapéu” da base em exemplares de ambas as
espécies e os dois pedaços colocados em meio nutritivo. Ambos os “chapéus”
morreram e ambas as bases regeneraram “chapéus”. Concluiu-se que o núcleo
é o responsável pela manutenção da vida, regeneração e crescimento da
célula.
-
Situação
B – Foi enxertado o caulículo
de A. mediterranea sobre uma base de A. crenulada e colocada
sobre meio nutritivo. Verificou-se que se regenerava um “chapéu” liso.
Concluiu-se que o núcleo comanda qualquer citoplasma a regenerar a parte da
célula que falta segundo as suas ordens.
-
Situação
C – procedeu-se a um transplante cruzado de núcleos para as bases
citoplasmáticas da alga. Verificou-se que se regeneravam “chapéus”
iguais ao tipo de núcleo e não iguais ao tipo de citoplasma da base.
Concluiu-se que o núcleo comanda a forma do corpo do indivíduo.
Experiências
semelhantes foram realizadas com amibas, sendo os resultados igualmente
conclusivos:
Amibas
foram incubadas em meio radioactivo, de modo a que o núcleo mostrasse sinais de
radiação. De
seguida, esse núcleo radioactivo foi transplantado para um citoplasma não
exposto á radiação. A célula sobreviveu e cresceu, notando-se, passado algum
tempo, que a radioactividade tinha passado do núcleo para o citoplasma.
Concluiu-se
que o núcleo comanda o citoplasma enviando-lhe mensagens sob a forma de algum
tipo de partícula ou molécula.
Dado
que todas estas experiências foram realizadas com seres unicelulares, surge a
questão: podem estas conclusões ser generalizadas a
seres multicelulares?
Este
cientista utilizou nas suas experiências anfíbios da espécie Xenopus
laevis, uma espécie onde por vezes surgem indivíduos albinos.
Recolheu
ovos de rã normal e destruiu-lhes o núcleo com radiação U.V. Transplantou
para esse citoplasma anucleado um núcleo retirado de uma rã albina. O
desenvolvimento desse ovo originou uma rã albina.
Com estas experiências confirmaram-se os resultados com organismos
unicelulares, podendo-se generalizar que, em todas as células e organismos, o núcleo
comanda o metabolismo, crescimento e regeneração.
|