Lince ibérico

Lynx pardina

Ao longo da Península Ibérica e sul de França, locais arqueológicos revelaram a presença do lince Ibérico e da perseguição que o Homem sempre lhe moveu.

O seu habitat tradicional tem sido sistematicamente reduzido pela intervenção humana, quando as populações e a agricultura alteraram a paisagem.

Pensa-se que o lince Ibérico terá evoluído a partir de uma espécie de lince que vogava pela Europa há 100000 anos. A glaciação terá isolado uma pequena população destes animais entre o gelo e o Mediterrâneo. As mesmas condições terão estimulado a evolução da presa principal do lince Ibérico, o coelho bravo Oryctolagus cuniculus.

Em adaptação a este novo habitat e presa, o lince Ibérico ficou mais pequeno e tem uma pelagem malhada, que lhe fornece boa camuflagem. 

O lince Ibérico pesa entre 9 a 13 Kg. É um excelente trepador, chegando a aproveitar ninhos desocupados de cegonha para repousar.

Se não fosse o tamanho maior, o lince Ibérico poderia ser confundido com um gato. No entanto, é mais robusto e tem uma cauda curta, terminada por uma espécie de borla negra.  As orelhas são orladas por pêlos longos e escuros, cuja finalidade deverá ser a de disfarçar os contornos arredondados da cabeça, ajudando à camuflagem. Muito características são as longas patilhas nas faces, que crescem continuamente, especialmente nos machos. 

O seu habitat preferido é um mosaico de floresta com matagal denso e pastagem aberta, pois assim pode obter cobertura e protecção e ter fácil acesso aos coelhos bravos, que preferem terreno aberto. O lince é considerado um predador especialista, pois os coelhos bravos compõem entre 80 e 90% da sua dieta.

No Verão caça sobretudo ao anoitecer e de madrugada, emboscando a presa e surpreendendo-a com explosões de velocidade e saltos impressionantes. No Inverno pode ser activo durante todo o dia.

Os linces são de modo geral animais solitários, mantendo territórios que não se sobrepõem a outros de indivíduos do mesmo sexo. Os territórios dos machos, em geral, sobrepõem-se aos de 2 ou 3 fêmeas.

A questão do território é crucial para estes animais, pois a fêmea, que pode reproduzir-se logo no fim do primeiro ano de vida, apenas o fará se tiver o seu próprio território. O período de gestação dura 62 ou 63 dias e dele resultam 2 ou 3 crias, em média. 

As crias ficarão com a mãe até que esta acasale novamente, no ano seguinte. Após esse período dispersam, em busca do seu próprio território. Atingem a maturidade sexual ao fim de 1 ano ou 1,5 anos de vida e podem viver até aos 15 anos.

Embora protegido em Espanha e Portugal desde 1974, o efectivo populacional do lince Ibérico não melhorou. Continuam a ser mortos ilegalmente ou capturados em armadilhas para outros animais, podendo apenas ser encontrados em algumas áreas montanhosas do sul da Península.

Importada de França nos anos 80 do século XX, a mixomatose, uma doença mortal para os coelhos, reduziu em 90% a disponibilidade de presas para este felino. Actualmente, nova doença volta a colocar em risco as populações de coelho bravo: a doença hemorrágica viral.

A IUCN considera o lince Ibérico o felino mais ameaçado do mundo, restando apenas cerca de 150 animais, distribuídos por mais de 10 pequenas áreas. Embora esforços desesperados estejam a ser realizados pelos conservacionistas, é provável que o lince se extinga completamente nas primeiras décadas do século XXI.

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