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Sistema respiratório |
Todos os animais necessitam de energia para realizar as mais diversas funções vitais. O processo comum a todos os animais é a
respiração
aeróbia, pelo qual, a nível celular, se realiza a transferência da
energia dos alimentos para as moléculas de ATP. Por este motivo é fácil de
entender a necessidade dos animais de um fluxo constante de oxigénio para as células,
bem como da remoção eficiente de dióxido de carbono, um resíduo do
metabolismo. As necessidades em oxigénio, bem como a produção
de dióxido de carbono, aumentam proporcionalmente com a massa corporal e
actividade do animal, ao passo que as trocas gasosas variam proporcionalmente
com a área de contacto com o meio. No entanto, existem vários termos associados
à respiração:
O
sistema respiratório
é um conjunto de estruturas envolvidas nas trocas gasosas com o meio. Dessas,
as estruturas onde se efectua o movimento de gases respiratórios entre os meios
externo e interno designam-se superfícies respiratórias.
O movimento dos gases respiratórios, quer nas superfícies
respiratórias quer a nível celular, ocorre sempre por difusão
e em meio aquoso:
Apesar da grande variedade de estruturas, todas as
superfícies respiratórias apresentam características comuns:
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Estudo comparativo do sistema respiratório de alguns grupos de animais |
A
sobrevivência dos animais nos diferentes habitats implicou a evolução de
estruturas especializadas nas trocas com o meio. Estas
estruturas variam sobretudo com o tamanho e estrutura do corpo, história
evolutiva do grupo e meio em que vivem. Os
animais que realizam trocas gasosas directamente com o ar têm vantagem em relação
aos que as realizam com a água pois esta apenas transporta 5% do oxigénio
presente no mesmo volume de ar e o aumento de temperatura e salinidade ainda
reduz mais essa quantidade. Acresce
ainda o facto que os gases se difundem mais rapidamente no ar que na água. No entanto, viver ao ar não é só vantagens, pois os gases apenas atravessam as membranas respiratórias dissolvidos em água, pelo que estas devem ser mantidas húmidas. Vejamos alguns exemplos de grupos animais que apresentam aspectos chave da evolução dos fenómenos respiratórios: Com apenas duas camadas de células de espessura e em contacto directo com a água em que vivem, bem como um metabolismo baixo pois são animais de vida fixa, nos cnidários a difusão directa de gases não apresenta dificuldades. Nos platelmintes a forma achatada proporciona uma relação área/volume elevada, logo as células podem realizar trocas directamente com o meio ou com o intestino muito ramificado, por difusão directa. Nos anelídeos a hematose é cutânea, as trocas são realizadas através da pele humedecida pela secreção de glândulas mucosas e os gases passados para a rede de capilares subcutâneos. Esta situação ocorre também em anfíbios. Nos anelídeos, no entanto, apenas parte do dióxido de carbono é libertado pela pele, pois parte dele é utilizado para formar carbonato de cálcio e usado para neutralizar a acidez dos alimentos durante a digestão. Típico dos artrópodes é o sistema respiratório traqueal, fundamental para a colonização do meio terrestre, que permite uma taxa metabólica elevada. Este sistema é formado por uma série de tubos quitinosos que se vão ramificando até às traquíolas (que estão em contacto com as células e onde se realiza uma difusão directa, através do epitélio traqueal não quitinizado) e por onde o ar circula, entrando por espiráculos na superfície do corpo. Os espiráculos podem estar permanentemente abertos ou possuir válvulas musculares e filtros. Nos insectos menores não existe ventilação activa mas nos maiores tal ocorre por movimentos musculares que contraem as traqueias. Grande parte do dióxido de carbono é libertado pelos tubos de Malpighi. As brânquias são os órgãos respiratórios típicos do meio aquático, formadas por evaginações da parede do corpo e apresentando grande área de trocas.
A sua estrutura filamentosa apenas poderia funcionar em meio aquático, que lhes fornece sustentação. Estas estruturas podem localizar-se no exterior ou no interior do corpo, sendo as últimas as preferidas pela evolução, já que brânquias externas não só dificultam a locomoção, como facilita os danos a uma zona de epitélio sensível e delicado. As brânquias internas estão alojadas em cavidades branquiais individuais abrindo para o exterior pelas fendas branquiais (peixes cartilagíneos) ou câmaras branquiais protegidas por opérculo e abrindo para o exterior pela fenda opercular (peixes ósseos). Este facto não só aumenta a protecção como facilita a ventilação: a água é bombeada para a boca por acção de poderosos músculos, passa pela faringe e banha as brânquias, saindo pelas fendas branquiais ou operculares, pelo que a ventilação é contínua. Cada brânquia é formada por um arco branquial cartilagíneo ou ósseo, que sustenta os filamentos branquiais, nele inseridos diagonalmente e contendo cada um duas arteríolas (aferente com sangue venoso e eferente com sangue arterial), separadas por uma fina rede de capilares.
A
água circula em contracorrente com o sangue
desses capilares, o que permite aumentar a eficiência das trocas gasosas, pois
o sangue circula sempre em direcção a água fresca e plenamente oxigenada,
podendo-se atingir neste uma saturação de perto de 90%. Pela mesma razão o dióxido
de carbono difunde-se em sentido contrário, para a água. O sistema respiratório dos anfíbios revela a sua posição de transição entre o meio terrestre e aquático, pois na fase larvar respiram por brânquias (inicialmente externas e depois internas) e no adulto respiram principalmente por pulmões. Estes ainda são muito simples e apresentam pequena área pelo que a hematose ocorre também na pele e cavidade bucofaríngica, todas cobertas por epitélios húmidos e densamente irrigados. Dado que não existe tórax individualizado, a ventilação é feita por bombagem bucal e não é contínua. Nos répteis, os pulmões são mais complexos e divididos em alvéolos. Os crocodilianos são os que apresentam estruturas respiratórias mais evoluídas, muito semelhantes às dos animais homeotérmicos. Não existe diafragma mas existem costelas logo a ventilação é feita por variação de volume torácico. Nos mamíferos, os pulmões muito elásticos estão alojados na caixa torácica e são formados por alvéolos pulmonares (onde ocorre a hematose), dispostos em torno de ductos alvéolares e bronquíolos.A ventilação não é contínua mas faseada pois o ar entra e sai pelo mesmo percurso e é realizada pela variação de volume da caixa torácica e diafragma. A eficiência de trocas é baixada pelo facto de o ar não sair totalmente dos pulmões obtendo-se uma mistura de ar fresco e residual. As aves apresentam um sistema diferente, mas muito eficiente, em que o ar apenas circula num sentido – ventilação contínua.Os pulmões das aves são pequenos e compactos, basicamente formados por um conjunto de tubos. Estão abertos nas duas extremidades pelos parabrônquios, que os ligam aos sacos aéreos, anteriores e posteriores. Os sacos aéreos não intervêm na hematose mas tornam a ventilação mais eficiente. A ventilação segue os seguintes passos, envolvendo duas inspirações e duas expirações: na primeira inspiração o ar entra para os sacos posteriores, na primeira expiração passa para os pulmões, na segunda inspiração o ar passa para os sacos anteriores (ao mesmo tempo que entra ar fresco para os posteriores) e na segunda expiração o ar é expelido dos sacos anteriores (ao mesmo tempo que o ar fresco entra nos pulmões). Tal como nos peixes, a difusão dos gases nos pulmões é feita em contracorrente, contribuindo para uma eficiente remoção do oxigénio do ar. |
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Transporte de gases |
Nos
animais em que a difusão dos gases é indirecta, estes deslocam-se até ás células
num fluido circulante, sangue ou hemolinfa. Os
pigmentos respiratórios são moléculas complexas,
formadas por proteínas e iões metálicos, o que lhes confere uma cor característica.
Estas moléculas são boas transportadoras de gases pois ligam-se quando a pressão
do gás for elevada e libertam-se dele rapidamente, se a pressão do gás for
baixa. De
entre os diversos pigmentos conhecidos, a hemoglobina é a mais comum e a melhor
estudada. Este é um pigmento típico dos vertebrados,
embora possa existir em anelídeos, nemátodos, moluscos e artrópodes. No
caso dos invertebrados encontra-se dispersa no plasma, enquanto que nos
vertebrados se localiza nos glóbulos vermelhos, que nos mamíferos não camelídeos
perdem o núcleo para conter maior volume de pigmento.
Hemoglobina
é um termo que actualmente corresponde a uma classe de moléculas que têm em
comum um grupo heme (ferroporfirina) ligado a uma
parte proteica designada globina, variável com a
espécie. A
hemoglobina humana apresenta quatro cadeias peptídicas, duas a
e duas b,
ligadas a grupos heme a que se pode ligar o oxigénio ou o dióxido de carbono.
Assim, cada molécula pode transportar quatro moléculas de oxigénio. A
hemoglobina humana tem, ainda, grande afinidade para o monóxido de carbono
(cerca de 200 vezes superior à afinidade para o oxigénio), o que torna este gás
muito perigoso, mesmo em baixas concentrações. A hemoglobina saturada de monóxido
de carbono designa-se carboxiemoglobina.
Nos
mamíferos existem ainda outros pigmentos respiratórios, com maior afinidade
para o oxigénio, como a mioglobina presente nos músculos. Esta molécula tem uma tão elevada afinidade para o oxigénio que o pode
retirar da hemoglobina, funcionando como armazém deste gás nos músculos. Na difusão dos gases respiratórios, o factor determinante é a pressão parcial de cada gás: nos alvéolos a pressão parcial de O2 é superior à do sangue, pelo que este gás se difunde para os capilares. No caso do CO2, a pressão parcial deste gás é maior no sangue que nos alvéolos, pelo que a difusão se dá em sentido contrário, para os pulmões. Situação semelhante ocorrerá a nível dos tecidos. O
oxigénio é transportado pelo sangue sob duas
formas:
O
dióxido de carbono pode ser transportado no sangue
de três modos principais:
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Quadro resumo dos sistemas respiratórios e circulatórios de alguns animais |
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Temas relacionados: |
Estrutura animal Tecidos animais Sistema digestivo Sistema circulatório Defesa imunitária Sistema excretor Sistema nervoso Órgãos dos sentidos Sistema reprodutor Reino Animalia Estrutura vegetal |
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