Sistema reprodutor masculino no Homem

O sistema reprodutor é constituído pelo conjunto de estruturas directamente envolvidas na reprodução de um organismo multicelular e complexo. 

Órgão indiferenciado Órgão masculino Órgão feminino
gónada testículo ovário
canal de Muller Appendix testis trompas de Falópio
canal de Muller utrículo prostático útero
canal de Wolff epididímo canal de Gartner
canal de Wolff próstata glândulas de Skene
seios urogenitais bexiga, uretra bexiga, uretra, vagina
inchaço genital escroto grandes lábios
pregas urogenitais uretra distal pequenos lábios
tubérculo genital pénis clitóris
prepúcio prepúcio capuz do clitóris

Os órgãos sexuais têm origem num conjunto de células primordiais, semelhante em embriões femininos e masculinos. O gene SRY, localizado no cromossoma Y e responsável pela codificação do Factor de Determinação dos Testículos ou Factor de Determinação do Sexo, desencadeia a diferenciação da genitália do embrião masculino, motivo porque existe homologia entre as estruturas sexuais femininas e masculinas, como se pode comprovar pela tabela ao lado.

Até às seis semanas não se manifestam diferenças sexuais nos embriões humanos, logo deduz-se que seja por essa altura que a região SRY seja activada e se inicie a produção das hormonas que estimular a diferenciação.

A genitália masculina apresenta estruturas externas (por vezes designadas primárias) e internas (também designadas secundárias). 

O sistema reprodutor masculino é formado, no Homem como em todos os mamíferos, por:

  • um par de gónadas, os testículos;

  • vias, ou ductos, genitais (algumas comuns ao sistema excretor): epidídimo, canal deferente e uretra;

  • órgãos sexuais externos: pénis e escroto;

  • glândulas anexas: próstata, vesículas seminais e glândulas de Cowper.

                   TOPO

Testículos

Estrutura interna do testículo

Os testículos são as gónadas masculinas, compostos por um emaranhado de tubos seminíferos e protegidos por uma túnica fibrosa designada túnica albugínea. A túnica albugínea prolonga-se para o interior do testículo, formando septos que dividem a gónada em lóbulos. Em cada lóbulo encontram-se dois ou três tubos seminíferos, que convergem para a zona posterior do testículo formando a rede testicular. Daí saem cerca de 15 canais, os canalículos eferentes, que desembocam no epidídimo. 

No interior dos tubos seminíferos podem ser observadas células de grande dimensão, células de Sertoli, e o epitélio germinativo propriamente dito, que origina os espermatozóides. Encaixadas no espaço entre as circunvoluções dos tubos seminíferos podem ver-se as células intersticiais ou de Leydig, responsáveis pela produção das hormonas sexuais masculinas, sobretudo testosterona, responsáveis pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e dos caracteres sexuais secundários.

Cada espermatozóide demora em média 70 dias a formar-se mas o seu desenvolvimento não decorre normalmente à temperatura do corpo (36,5 - 37°C), logo os testículos têm que ser mantidos fora da cavidade corporal, no interior de uma bolsa de pele designada escroto. O escroto regula a temperatura dos testículos, aproximando-os ou afastando-os do corpo, e mantendo-os a uma temperatura 1 a 3°C abaixo da corporal. 

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Vias genitais

As vias genitais são responsáveis pelo amadurecimento e transporte dos espermatozóides e secreções das glândulas anexas até ao exterior e, eventualmente, até ao interior do corpo feminino.

Fazem parte das vias genitais os epidídimos, dois tubos extremamente enovelados (têm no total cerca de 6 metros de comprimento) e que partem da zona posterior dos testículos. Neles os espermatozóides são armazenados e amadurecidos antes de serem ejaculados. Os espermatozóides não ejaculados são reabsorvidos pelo corpo ao fim de algum tempo.

Os canais deferentes são dois tubos que dão continuidade aos epididímos e que circundam a bexiga urinária, unindo-se no ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais. 

A uretra é comunmente um canal destinado para a passagem de urina, mas músculos na entrada da bexiga contraem-se durante a erecção, impedindo a mistura de urina e esperma. 

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Glândulas Anexas

As vesículas seminais são responsáveis pela produção de um líquido, libertado no ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides, fará parte da composição do esperma. O líquido das vesículas seminais contém fontes de energia para os espermatozóides e é constituído principalmente por frutose, mas também apresenta fosfatos, azoto não proteico, cloretos, colina (álcool parte do complexo vitamínico B) e prostaglandinas (hormonas). 

A próstata é uma glândula única, localizada logo abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias alcalinas que neutralizam a acidez da urina e activam os espermatozóides (os gâmetas masculinos são inactivos em meio ácido). 

As glândulas bulbo-uretrais ou de Cowper produzem uma secreção transparente que é lançada na uretra, limpando-a de resíduos urinários em preparação para a passagem dos espermatozóides. Esta secreção também como função a lubrificação do pénis durante o acto sexual.

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Pénis e mecanismo da erecção

O pénis é o órgão mais notório do sistema reprodutor masculino e contém no interior dois tipos de tecidos cilíndricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso, que envolve a uretra. 

A extremidade do pénis designa-se glande, onde abre a uretra. Com a manipulação da pele que a envolve, o prepúcio, acompanhado de estímulo erótico, dá-se a inundação dos corpos cavernosos e esponjoso com sangue, levando ao aumento do tamanho do pénis - erecção. O prepúcio é também responsável pela produção do esmegma, uma secreção sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que deve ser removida regularmente por questões de higiene.

A erecção do pénis é fundamental para a sua introdução na vagina e para a ejaculação dos espermatozóides. A estimulação da glande desencadeia impulsos nervosos para a zona sacra da medula espinal, responsáveis pela dilatação das artérias do tecido eréctil do pénis e pela erecção. Desencadeia-se assim também a secreção de muco pelas glândulas de Cowper, lubrificando o pénis.

Quando o grau de estimulação sexual atinge um nível crítico, os centros nervosos da extremidade da medula espinal comandam a contracção rítmica dos ductos genitais. A contracção começa no epidídimo e passa através do ducto deferente, das glândulas seminais, da próstata e do pénis, levando à ejaculação.

Geralmente, o pénis atinge seu tamanho definitivo aos 16 - 17 anos de idade e 80% dos pénis erectos atingem entre 11 e 16 cm, sendo 14 cm a medida mais vulgar. O pequeno tamanho do pénis em repouso não é relevante pois é no estado erecto que ele exerce sua função. O prazer feminino não depende do tamanho do pénis, mas sim de um conjunto de factores que rodeiam o acto sexual, pois a maioria das vaginas tem uma profundidade entre 9 a 12 cm.

O homem apresenta, normalmente, 3 a 5 ereções por noite, sem que disso se dê conta, uma situação importante na oxigenação do pénis. 

A disfunção eréctil, também designada impotência, resulta da incapacidade em obter ou manter uma erecção adequada para a prática da relação sexual e é uma situação pela qual passam anualmente milhões de homens. As estatísticas mostram uma incidência de 5% nos homens aos 40 anos e até 25% aos 65 anos. O pénis só se enche de sangue se o organismo produzir óxido nítrico, que dispara uma cascata de reacções químicas que relaxam os vasos sanguíneos e as células dos corpos cavernosos. Relaxados, os vasos e os músculos dos corpos cavernosos ficam abertos para a entrada de sangue. A impotência ocorre quando não há esse relaxamento (o que os medicamentos como o Viagra tentam corrigir).

Quando o pénis está relaxado e não há nenhum tipo de excitação sexual, a quantidade de sangue que entra pelos vasos sanguíneos do corpo esponjoso é a mesma que sai. Quando o cérebro recebe um estímulo sexual, as células do corpo cavernoso do pénis libertam óxido nítrico que vai activar a enzima guanilato-ciclase, resultando no aumento do nível de cGMP (guanosina-monofosfato-cíclica), produzindo relaxamento da musculatura lisa nos corpos cavernosos e aumentando o influxo de sangue.  Mas a enzima fosfodiesterase-5 inactivar a cGMP, a mesma quantidade de sangue entra e sai do pénis, logo não há erecção. 

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Espermatogénese

A espermatogénese consiste na formação de espermatozóides funcionais e tem início na puberdade, prolongando-se de modo contínuo toda a vida do homem.

O processo decorre em quatro etapas, todas localizadas nos tubos seminíferos:

  • multiplicação - as células estaminais, designadas espermatogónias, sofrem mitoses sucessivas;

  • crescimento - espermatogónias aumentam de tamanho, devido à síntese e acumulação de reservas, numa preparação para a realização da meiose. As células daqui resultantes designam-se espermatócitos I ou espermatócitos de 1ª ordem;

  • maturação - inicia-se a meiose, resultando da primeira divisão dois espermatócitos II (ou espermatócitos de 2ª ordem) por cada espermatócito I. Após a segunda divisão da meiose formam-se quatro espermatídeos;

  • diferenciação ou espermiogénese - só nesta fase os espermatídeos se transformam em espermatozóides, ou seja, em células hidrodinâmicas, leves e ágeis, o que lhes permite alcançar o óvulo e realizar a fecundação. As transformações incluem a perda de quase todo o citoplasma e organitos citoplasmáticos, bem como a sua reorganização.

A estrutura final do espermatozóide inclui três zonas:

  • cabeça - de forma mais ou menos oval, é quase totalmente ocupada pelo núcleo haplóide, recoberto na extremidade apical pelo acrossoma ou capuz cefálico. O acrossoma resulta da fusão de vesículas do aparelho de Golgi e contém enzimas hidrolíticas cruciais para a penetração do espermatozóide no óvulo, durante a fecundação;

  • segmento intermédio ou colo - contém mitocôndrias de grandes dimensões e é responsável pelo fornecimento de ATP para o batimento do flagelo;

  • cauda - composta por um flagelo eucariótico clássico, desenvolvido a partir do centríolo, impulsiona o espermatozóide durante o seu percurso pelo aparelho reprodutor feminino.

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Temas relacionados:

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