Tubarão branco

Carcharodon carcharias

Existe uma criatura que sobreviveu a milhões de anos de evolução sem alterações, sem paixão, sem lógica. Vive para matar. Uma máquina assassina que atacará e devorará seja o que for, como se Deus tivesse criado um demónio e lhe desse mandíbulas (jaws).

        ~~  do trailer de Jaws, 1975

 

Apesar de ser um dos animais mais mediáticos, o tubarão branco permanece dos menos estudados e compreendidos pelo Homem. Infelizmente, para a população em geral o tubarão branco é um assassino sem cérebro, um devorador de Homens, principalmente devido a filmes com "Jaws" e documentários sensacionalistas. 

Facto é que a maioria das pessoas se sentiria mais segura na água se os tubarões brancos fossem dela removidos mas não existe nenhuma prova de que tal comportamento seja real. Os tubarões brancos não atacam propositadamente o Homem, sendo os ataques ocorridos provavelmente devidos a má interpretação do animal (um surfista sobre a prancha parece mesmo uma foca vista de baixo de água ...) ou territorialidade. Certo é que o tubarão branco não ataca o Homem para o devorar, pois mesmo quando as vítimas são mordidas, nunca são devoradas, nem parcialmente. A morte, quando ocorre, deve-se ao choque e à perda de sangue.

Apenas comparável à orca como macro-predador marinho, o tubarão branco é encontrado nos mares temperados de todo o mundo, podendo, ocasionalmente penetrar águas tropicais. Pode ser encontrado desde a costa até água oceânicas, desde a superfície até profundidades consideráveis, geralmente patrulhando costas habitadas por pinípedes, bancos de coral e zonas onde águas profundas estão perto da costa. 

O seu nome alternativo, grande tubarão branco, revela o tamanho que pode atingir, em média 6,6 metros de comprimento, embora tenham sido referidos exemplares com 8 metros de comprimento nos mares da África do Sul. 

O corpo deste predador solitário é robusto e em forma de torpedo e, apesar do seu nome, apenas é branco ventralmente. O dorso é cinzento ou negro. 

É frequente dizer-se que os tubarões não nadam, mas "voam" na água, o que se torna perceptível quando observamos as suas barbatanas. A barbatana caudal em forma de crescente e homocerca impulsiona o animal para a frente e os ajustes de trajectória são feitos com as barbatanas peitorais e dorsal. Além destas barbatanas principais, existem ainda uma barbatana dorsal secundária perto da caudal, um par de pequenas barbatanas pélvicas e uma barbatana anal reduzida, mesmo em frente da barbatana caudal. 

Os tubarões brancos, tal como outros seus primos, têm que nadar sempre pois a falta de bexiga natatória (ainda que o fígado cheio de óleo ajude) retira-lhes flutuabilidade. Dada a rigidez das suas barbatanas, os tubarões não conseguem nadar para trás ou parar repentinamente. 

Muito se tem falado das famosas mandíbulas do tubarão branco, com o seu impressionante conjunto de dentes, que pode atingir os 3000 em qualquer momento da vida. Estes dentes triangulares são constantemente substituídos. Os dentes superiores são maiores e com orlas serradas, o que, juntamente com a força dos músculos da mandíbula permitem cortar quase tudo. Os dentes da mandíbula inferior são menores e têm como principal função agarrar a presa, enquanto os dentes superiores cortam.

O focinho é cónico e achatado, apresentando duas grandes narinas, divididas interiormente por pregas de pele que separam a água que entra da que sai. Ao entrar, a água atravessa as lamelas, em forma de pétalas e cobertas por epitélio olfactivo. Deste modo, o sentido do olfacto é muito apurado nos tubarões brancos.

Um outro importante sentido dos tubarões é a capacidade de detectar campos eléctricos, com a ajuda das ampolas de Lorenzini. As ampolas são pequenas cápsulas cheias com uma espécie de gel, segregada pelo tubarão, e que é sensível a descargas eléctricas de apenas 0,005 mV. Nas ampolas existe, ainda, grande número de células sensoriais, o que torna o tubarão capaz de detectar a voltagem do corpo de uma presa.

A sua dieta é variada, desde peixes (salmão, atum, halibut, etc.) a mamíferos marinhos (focas e cetáceos), além de outros tubarões, tartarugas do mar e aves marinhas. 

Os tubarões brancos alimentam-se, durante o desenvolvimento embrionário, de óvulos não fecundados, produzidos pela mãe para esse efeito, num processo conhecido por oofagia. 

Os embriões a meio do seu desenvolvimento (100 a 110 cm de comprimento) apresentam o abdómen muito distendido pela enorme quantidade de gema ingerida, enquanto os animais prestes a nascer já digeriram e transformaram esses nutrientes em lípidos que armazenam no seu grande fígado.

Ao contrário do que acontece noutras espécies, nos tubarões brancos não existe embriofagia, podendo nascer de 2 até 10 juvenis de cada vez. O embrião não tem ligação placental ao útero da mãe, embora exista viviparidade. 

Na Primavera, ao nascer os juvenis têm cerca de 150 cm de comprimento. O tempo de gestação não é conhecido com exactidão mas pensa-se que seja superior a um ano. O tubarão branco atinge a maturidade com cerca de 8-9 anos nos machos e 12-15 anos nas fêmeas, altura em que terão cerca de 3,80 m e 4,5 m, respectivamente. 

Os tubarões brancos são muito móveis, o que torna muito difícil o seu estudo, juntamente com a sua baixa densidade populacional. Assim, não existe ainda confirmação da longevidade média destes animais mas considera-se que vivam pelo menos 20 anos. 

Antes do Homem começar a caçar tubarões brancos, a sua estratégia reprodutora era perfeitamente adequada à manutenção da população. Devido ao seu tamanho à nascença, os tubarões brancos têm pouco a recear de predadores naturais, pelo que com uma taxa de mortalidade baixa, a taxa reprodutora é, por sua vez, baixa. Esta situação causa problemas de conservação, devido à exploração intensiva dos recursos pelo Homem.TOPO

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