Urso polar

Ursus maritimus

Os ursos polares são a maior de todas as espécies de ursos vivas.

Têm a extraordinária capacidade de devorar enormes quantidades de gordura, quando o alimento está disponível, e de seguida jejuar durante longos períodos, quando o alimento escasseia.

Os ursos polares são igualmente únicos metabolicamente pois são capazes de alternar entre um estado normal e um estado de metabolismo reduzido, uma quase hibernação, em qualquer altura do ano, ao contrário dos restantes ursos, que apenas o podem fazer no Inverno.

Os ursos polares evoluíram a partir de ursos castanhos (Ursos arctos) durante o Pleistoceno. O fóssil mais antigo conhecido data de há 100000 anos e foi encontrado nos Jardins Kew de Londres. Os molares e pré-molares desse animal eram mais aguçados e com orla denteada, ao contrário dos restantes ursos, revelando uma rápida evolução para uma alimentação carnívora.

Apesar da sua aparência distinta, os ursos polares e os ursos castanhos são intimamente aparentados, podendo mesmo, em cativeiro, acasalar e produzir descendência.

Os ursos polares vivem nas águas cobertas de gelo do círculo polar Árctico, distribuídos por cerca de 20 agregados populacionais que raramente se intercruzam. Cada população varia em número de indivíduos, desde algumas centenas a alguns milhares, sendo que a população global é estimada em 22000 a 27000. 

O seu habitat preferido é o gelo anual perto das costas dos continentes e ilhas, onde existem altas densidades de focas, sua presa por excelência. No entanto, também podem ser encontrados em locais menos prolíficos, mais ao centro do oceano Árctico, sobre o gelo espesso.

O limite sul da sua distribuição no Inverno depende do alcance do gelo sazonal nos mares de Behring, Labrador e Barents. Em áreas onde o gelo derrete completamente no Verão, passam vários meses em terra, mantendo-se vivos apenas à custa das reservas de gordura armazenadas.

Dependendo da área e disponibilidade de presas, o seu território varia entre 5 e 300000 Km2.

Os ursos polares são surpreendentemente ágeis, para um animal do seu tamanho, podendo nadar durante várias horas seguidas ou correr em terra a mais de 20 Km/h. No entanto, esforços prolongados, especialmente no Verão, podem levar a um sobre-aquecimento corporal, devido à sua elevada adaptação a condições de frio glacial..

Os ursos são plantígrados, com cinco dedos armados de garras não retrácteis. As patas anteriores são largas e espalmadas, numa adaptação à natação, mas os dedos não apresentam membranas interdigitais. Na água as patas posteriores apenas servem de leme.

O corpo é forte mas sem a corcunda característica do urso castanho. O pescoço é mais longo, em relação ao resto do corpo, que nos outros ursos. As orelhas são pequenas, o pelo é aparentemente branco, cobrindo todo o corpo (com excepção das almofadas das patas e o rinário, que revela a coloração da pele) e a pele é negra. 

Alimentam-se principalmente de focas, principalmente juvenis cujo peso corporal é 50% gordura, que capturam quando atingem a superfície em buracos no gelo, para respirar. Os ursos polares podem localizar os respiradouros das focas debaixo de 1 m de neve e gelo e a mais de 1 Km de distância, inteiramente pelo olfacto (um dos maiores feitos deste sentido nos mamíferos). Também se alimentam, se a oportunidade surgir de morsas, narvais, belugas e mesmo aves marinhas.

Quando estão no período de jejum, os ursos sintetizam proteínas e água e reciclam os resíduos metabólicos. Algumas fêmeas grávidas chegam a jejuar durante 8 meses, mantendo-se, mesmo assim, vivas a si próprias e à cria. 

Os ursos polares levam uma existência solitária, com excepção dos grupos familiares e casais reprodutores. No entanto, durante o período de jejum, grupos de ursos podem viver juntos (não há competição pelas fêmeas nem pelo alimento, que não existe). Grupos maiores podem tolerar-se quando existe uma grande fonte alimentar, como uma baleia morta.

Os ursos polares reproduzem-se entre Abril e Maio. Dado que as fêmeas mantêm as crias consigo durante 2,5 anos apenas acasalam a cada 3 anos, o que causa enorme competição entre os machos para o acasalamento. Este facto deve explicar os machos terem o dobro do tamanho das fêmeas.

As fêmeas apresentam ovulação induzida, ou seja, devem acasalar repetidamente antes de ovularem e a fecundação poder ocorrer. Assim, os pares reprodutores permanecem juntos cerca de 2 semanas, de modo a garantir o sucesso do acasalamento. Se o primeiro macho for desafiado e vencido, a fêmea pode acasalar com mais de um macho.

A implantação do embrião é retardada até Setembro ou Outubro, dependendo da latitude. Os jovens nascem numa toca na neve cerca de 2-3 meses depois, com os olhos fechados e 600 g de peso. Ao nascer o seu pêlo é tão fino que os primeiro cientistas pensaram que eram pelados. A mãe alimenta-os na toca até Abril, altura em que, com cerca de 10 Kg, podem acompanhá-la sobre o mar gelado.

As fêmeas acasalam pela primeira vez aos 4 ou 5 anos de idade, podendo engravidar até à sua morte. Cerca de 2/3 das ninhadas produz gémeos, seguidas de ninhadas com uma única cria. As ninhadas com trigémeos não são raras, ocorrendo até cerca de 12%, em certas populações ou épocas. Já foram documentados casos em que fêmeas "trocaram" de crias ou adoptaram crias órfãs.

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