Zebra de Grevyi

Equus grevyi

Esta é uma das espécies de zebras que se encontra em maior perigo de extinção. Actualmente encontra-se restrita ao Quénia e Etiópia, tendo sido considerada extinta na Somália, onde não é observada desde 1973. 

Desde 1977 que o número destes animais se tem reduzido drasticamente no norte do Quénia, principalmente devido à competição com as populações e com o gado doméstico.

A sobre-pastagem da zona pelo gado doméstico leva estas zebras a necessitar de percorrer distâncias maiores do antes, o que pode ser difícil para os jovens. O acesso à água também foi afectado pelo Homem, pois as zebras bebem a meio do dia, para evitar os predadores mas nessa altura a água está monopolizada pelo Homem e pelo gado. Assim, são forçadas a beber à noite, abandonando as crias longe da água, onde são muito vulneráveis.

A zebra de Grevyi está entre as primeiras a divergir, adaptando a um habitat semidesértico.

Tal como todos os equídeos seus parentes, é um herbívoro de tamanho médio-grande, com cabeça e pescoço longos, patas finas, que suportam o peso do corpo apenas sobre o dedo médio revestido com um casco, que lhes confere um movimento leve de mola. 

Com cerca de 450 Kg de peso, as zebras de Grevyi distinguem-se das restantes espécies pela sua pelagem com listas estreitas verticais, brancas e negras. As listas curvam em volta da cauda, único neste tipo de zebra. 

Muitas explicações têm sido avançadas para o estranho padrão das zebras: a noção de que as riscas são camuflagem cai por terra com o comportamento dos animais, que se reúnem em grandes manadas em locais expostos, nunca se escondendo dos predadores. Igualmente, a ideia de que os leões ficam confusos com os padrões da manada também foi desmentido por estudos. Por último, a ideia de que o padrão listrado surgiu para deter moscas perigosas não têm em consideração que este tipo de mosca não é um problema nos habitats habituais das zebras.

Investigações realizadas sobre a visão e fisiologia do cérebro destes animais, apontam para uma função social do seu padrão, promovendo a coesão do grupo. Este tipo de padrão parece, também, estimular o catar e cuidar do pêlo pelos pares. Parece significativo que o padrão do pescoço das 3 espécies de zebra sejam similares no pescoço, o local preferido para estes cuidados pelos equídeos.

Os biólogos consideram que o ancestral de todos os equídeos seria listrado. A pressão selectiva mantém este padrão nas zebras sociais e tropicais mas ter-se-á perdido nos animais que vivem em grupos menores ou em climas frios.

Ao longo do lombo, a zebra de Grevyi tem uma lista larga negra. A cauda apenas tem pêlos longos na extremidade. Geralmente os machos são cerca de 10% maiores que as fêmeas.

O ventre é branco e a crina é longa e erecta, listrada de acordo com o corpo. O focinho da zebra de Grevyi é semelhante ao de uma mula, com a cabeça longa e estreita, orelhas grandes e largas. 

Ao contrário de outros herbívoros, apresentam os dentes incisivos superiores e inferiores, com os quais cortam a vegetação de que se alimentam. Os molares têm coroas altas e com sulcos, que ajudam a moer o material vegetal.

A sua dieta é composta essencialmente por ervas mas podem comer casca e folhas de árvore, rebentos, frutos e raízes. As bactérias e protozoários que decompõem a celulose do material vegetal estão alojados no ceco, que é desenvolvido. A comida é fermentada após a passagem no estômago, pelo que a taxa de movimento do bolo alimentar não é limitado como nos ruminantes. Este facto permite às zebras, e outros equídeos, consumir grandes quantidades de alimentos pouco energéticos e sobreviver em ambientes marginais, menos ricos que os necessários aos ruminantes.

As zebras de Grevy necessitam de beber pelo menos uma vez por dia, mais se se trata de animais jovens, o que pode ser um problema no habitat semidesértico em que vivem. Assim, as fêmeas com crias jovens separam-se das manadas, permanecendo perto da água.

As zebras, como todos os equídeos, podem permanecer de pé quase sem gasto de energia pois as suas patas ficam direitas sem contracção muscular. Este parece ser um dos factores mais importantes no sucesso dos equídeos, tanto do ponto de vista ecológico, como geográfico.

As zebras utilizam frequentemente movimentos das orelhas, boca e cauda para indicar o estado de espírito do animal. O odor também é muito importante, pois a urina e as fezes transmitem importantes informações. Os machos utilizam o reflexo de Flehmen ou o enrolar o lábio superior (que também é usado por outros mamíferos) para avaliar a disponibilidade sexual das fêmeas.

No entanto, a maior parte dos contactos sociais realizam-se através do som. O relincho do macho dominante é diferente do dos restantes machos, atingindo notas mais altas e terminando com som mais profundo no primeiro caso. Este facto sugere que o macho dominante consegue exalar o ar mais fortemente, tornando o som um indicar de capacidade aeróbia, avisando os subordinados para não provocarem uma briga séria.

Cerca de 10% dos machos adultos são territoriais, controlando cada um um território com 2,5-10 Km2. Estes territórios são apenas mantidos como zonas de reprodução, ou seja, outros machos podem a ele ter acesso mas não às fêmeas que nele residem. O macho residente patrulha constantemente o seu território, marcando-o com urina e fezes. Combates sérios são raros, ocorrendo apenas quando uma fêmea no cio está no limite de 2 territórios adjacentes ou quando o macho dominante é desafiado por um mais novo. 

As zebras de Grevyi são muito flexíveis em termos de estrutura social, podendo ser observada qualquer combinação de machos e fêmeas. As manadas são pouco definidas, sendo a relação entre a fêmea e a sua cria a mais duradoura.

O acasalamento e os nascimentos ocorrem na mesma época, rica em vegetação nova, pois as fêmeas entram no cio 7-10 dias antes do parto da sua cria.

A competição pelo acasalamento é muito forte entre os machos, iniciando-se com demonstrações (abanar a cabeça, arquear o pescoço e bater de cascos), relinchos e defecações. Estes rituais podem tornar-se mais violentos, com os animais a empurrar-se, empinando-se e mordendo os pescoços e patas do oponente ou escoicinhando. 

As fêmeas produzem apenas uma cria a cada gestação, que dura 13 meses, pelo que apenas se reproduzem a cada 2 anos. A cria é capaz de correr com a mãe 1 hora após o nascimento. As crias são amamentadas durante cerca de 8 meses e a maturidade sexual é atingida aos 3-4 anos. 

Tanto as fêmeas como os machos abandonam o grupo em que nasceram, com as jovens fêmeas a ser "roubadas" por machos de haréns já formados. Os jovens machos formam grupos de solteiros até serem suficientemente fortes para desafiar um macho dominante ou formar o seu próprio harém. Muitos machos formam alianças com outros do seu estatuto, aumentando assim a sua probabilidade de reprodução.

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