Desenvolvimento animal |
Os
mecanismos que operam os diversos sistemas de órgãos dos animais reflectem uma
eficaz adaptação ao meio, bem como uma progressiva complexificação
estrutural e funcional. Tudo
se inicia com o ovo, ou zigoto, célula que contém
toda a informação genética do novo ser. Desde
a primeira divisão do ovo, ocorre um conjunto de processos que culminam com a
maturidade do organismo – ontogénese – cujos
sistemas estão totalmente formados e funcionais. A parte do desenvolvimento que decorre desde a fecundação e formação do zigoto até ao nascimento designa-se embriogénese, e é por aí que se iniciará este estudo da estrutura do organismo animal. Após a embriogénese ocorre o nascimento, o período juvenil e, por último, a fase adulta, quando o animal tem capacidade de se reproduzir. O
desenvolvimento animal é um processo contínuo, iniciando-se no zigoto e tendo
no nascimento um ponto marcante. Quando
os animais, ao nascer, diferem significativamente dos adultos considera-se que
estes apresentam um desenvolvimento indirecto,
passando por metamorfoses. Se,
pelo contrário, o animal ao nascer, apresenta mais ou menos a forma definitiva
considera-se este um desenvolvimento directo. A embriogénese dos vertebrados revela uma progressiva adaptação ao meio terrestre: anfíbios estabelecem a transição do meio aquático para o terrestre, com desenvolvimento aquático, rápido e com metamorfoses. Nas aves os ovos são extremamente ricos em vitelo e protegidos por uma casca, enquanto nos mamíferos as reservas são reduzidas pois o desenvolvimento ocorre quase sempre no interior da fêmea, que fornece todas as necessidades da nova vida em desenvolvimento. Durante
o desenvolvimento animal, em geral, ocorrem três fenómenos
principais, não em sequência mas inter-relacionados de tal modo que
cada um deles pode dominar uma parte do desenvolvimento:
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Tipos de ovos |
Durante
o desenvolvimento embrionário há necessidade de fornecimento contínuo de
nutrientes, permitindo não só a elaboração de biomoléculas constituintes
das células mas também energia.
O
ovo é uma célula que contém todas as estruturas necessárias
à formação de
uma nova vida:
Estes
componentes do ovo raramente estão homogeneamente distribuídos, sendo mais
comum o ovo apresentar polaridade. Esta reflecte-se
no facto de existir um pólo animal (zona do protolecito) e um pólo
vegetativo (zona do deutolecito). Assim,
os ovos podem ser classificados segundo a quantidade
e distribuição do vitelo
que contêm:
Os diversos tipos de ovos influenciam igualmente as etapas da embriogénese que se seguem à sua formação. |
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Etapas do desenvolvimento embrionário dos animais |
Toda a embriogénese é um processo contínuo, resultando as diversas etapas de um esforço de compreensão e de estudo dos complexos fenómenos que aí ocorrem. A segmentação é a primeira fase e nela o fenómeno predominante é a divisão celular, que origina células progressivamente menores – blastómeros -, de modo que o tamanho total do embrião no final desta fase é quase igual ao tamanho do ovo. Este facto resulta de não existir síntese de citoplasma durante estas mitoses, apenas a distribuição do citoplasma do ovo. Assim, os blastómeros podem apresentar conteúdos citoplasmáticos diferenciados, um primeiro sinal da diferenciação celular. As mitoses sucessivas originam uma bola maciça de células – mórula -, com aspecto de uma pequena amora. No fim da etapa, essa bola de células tornou-se oca, com uma única camada de células – blastoderme – a rodear a cavidade interna – blastocélio – e designa-se blástula. A quantidade e distribuição do vitelo tem grande importância do desenrolar desta etapa pois este é composto por substâncias densas, que dificultam a divisão celular.
Assim, a
segmentação pode ser:
Simultaneamente com a divisão celular, ocorrem movimentos celulares, uns em relação aos outros, pelo que a morfogénese é o fenómeno dominante na gastrulação, a segunda etapa da embriogénese. Nesta etapa formam-se os dois ou três folhetos germinativos, conforme se trate de um animal diplo ou triploblástico. No fim desta fase, o embrião designa-se gástrula e terá duas ou três camadas de células a envolver o arquêntero, que abre para o exterior pelo blastóporo. Este
processo é
bastante diferente de espécie para espécie:
Finalmente, por diferenciação celular dos diferentes folhetos formam-se os tecidos e órgãos do embrião. O primeiro sistema a formar-se é o nervoso, sendo essa etapa da organogénese designada neurulação e o embrião dela resultante neurula. Nesta etapa o
embrião alonga-se, surgindo o plano básico do vertebrado.
O eixo do corpo fica definido pelo surgimento de duas estruturas cilíndricas:
tubo neural e a notocorda. Na zona dorsal do embrião diferencia-se a placa neural, um espessamento da ectoderme. Nas suas zonas laterais, duas pregas - cristas neurais - elevam-se até se fundirem num tubo oco - tubo neural. Imediatamente abaixo da placa neural, e em simultâneo com a formação do tubo neural, diferencia-se o cordoblasto, um espessamento na mesoderme dorsal do embrião. A zona central do cordoblasto isola-se, originando a notocorda, um eixo de sustentação sólido do embrião. Lateralmente, formam-se os sómitos, igualmente sólidos. A mesoderme torna-se oca à medida que surge a cavidade secundária do embrião, o celoma, logo podem-se identificar no final desta etapa a mesoderme parietal associada à ectoderme e a mesoderme visceral associada à endoderme. |
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Temas relacionados: |
Embriogénese em Anfíbios Embriogénese em vertebrados terrestres Reino Animalia Desenvolvimento vegetal |
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