Classe Insecta

Os insectos perfazem mais de 1 milhão espécies (facto que justifica uma ciência para os estudar – entomologia), sendo os mais abundantes, mais bem sucedidos e mais diversamente distribuídos dos animais terrestres. No entanto, estima-se que possam existir entre 5 e 10 milhões.

São igualmente os mais importantes invertebrados que podem viver em locais secos e os únicos capazes de voar. A capacidade de voar permite-lhes escapar aos inimigos, capturar presas e encontrar parceiros.

O seu tamanho varia desde menores que o maior protozoário (0,25 mm ou menores) até maiores que o menor vertebrado (besouros com 26 cm de comprimento ou libélulas com 28 cm de envergadura de asa).

São abundantes em todos os habitats excepto no mar, embora a maioria seja terrestre ou aéreo. Vários tipos, no entanto, vivem em água salobra e doce, solo, plantas e dentro ou sobre animais, embora raramente matem os seus hospedeiros. 

Não existe certeza sobre o motivo para este tremendo sucesso evolutivo destes animais, mas das suas características principais, sem dúvida a capacidade de voar terá permitido uma capacidade de dispersão máxima. Outro aspecto importante será o facto de serem animais pequenos, o que lhes permite ocupar micro-habitats inacessíveis a outros animais. Os insectos apresentam ciclos de vida curtos, pelo que se podem multiplicar rapidamente em condições favoráveis. Um único casal de coleópteros pode produzir, em apenas 432 dias, descendência suficiente para ocupar a totalidade do volume da Terra!! Assim, as espécies predadoras são muito importantes para controlar o número de outros insectos.  

Os fósseis mais antigos de insectos datam do Devónico, há cerca de 400 M. a., mas foi no Cretáceo que este grupo sofreu a sua maior diversificação, com o surgimento das Angiospérmicas, o início de uma relação evolutiva muito proveitosa para ambas as partes. As formas voadoras surgem repentinamente no registo fóssil, no período Carbonífero.

Existem várias tentativas de explicação para o surgimento das asas nos insectos, entre as quais a evolução de expansões laterais dorsais, inicialmente usadas como planadores. Tal teoria foi já posta em causa, no entanto. 

A teoria mais credível actualmente aponta para a utilização das proto-asas como estruturas respiratórias e de controlo da temperatura interna, mas não foi completamente provada.

Estrutura do corpo de um insecto alado

As principais características dos insectos incluem cabeça, tórax e abdómen distintos, todos com função determinada. 

A cabeça suporta o aparelho bucal, cuja forma e composição pode ser muito variada, e a maioria dos órgãos sensoriais (olhos e antenas). Apresenta, assim, os seguintes apêndices:

  • um par de antenas;

  • armadura bucal - formada por peças especializadas em  mastigar, sugar ou lamber e que inclui:

    • um par de mandíbulas;

    • um par de maxilas;

    • lábio - corresponde às segundas maxilas fundidas. 

O tórax, importante para a locomoção, tem 3 segmentos, cada um com um par de apêndices locomotores e geralmente 2 pares de asas (ou apenas um par ou nenhum), que não são mais que expansões dorsais do revestimento do corpo. 

A asa de um insecto é formada por uma fina membrana coberta de finos pêlos, e suportada por "nervuras" por onde circula a hemolinfa. A aresta frontal da asa é mais forte e espessa que as restantes zonas, que são flexíveis e elásticas, podendo sofrer torção.

As asas dos insectos estão geralmente associadas uma à outra mas existem espécies, como as libélulas, em que batem separadamente, o que aumenta a capacidade de manobra. As moscas e mosquitos (dípteros) são os únicos insectos que apenas têm um par de asas, mas são também os mais ágeis, sendo capazes de voar para trás, para os lados e mesmo de cabeça para baixo.

Os insectos controlam as asas através de dois mecanismos alternativos: por controlo directo ou indirecto. No primeiro caso, músculos associados à base das asas contraem-se e relaxam, fazendo deslocar as asas. No segundo caso, as asas deslocam-se para cima e para baixo por alterações da forma do tórax, o que lhes permite movimentos mais rápidos (100 a 400 batimentos por minuto, contra cerca de 50 batimentos por minuto por controlo directo). Tanto num caso como noutro, os músculos utilizados são extremamente poderosos, o que permite ao insecto aquecer-se durante o tempo frio apenas com a sua contracção e relaxação. 

Muitas vezes o par anterior de asas é córneo - élitros - , não sendo usado para o voo mas apenas como protecção das asas membranosas, que se dobram sob elas, como no caso de muitos besouros. 

O abdómen com 11 segmentos no máximo e apresenta os sistemas vegetativos (digestão e excreção, por exemplo) e reprodutores. Não contém apêndices embora as partes terminais estejam modificadas como genitália externa.

Sistema digestivo completo com boca com glândulas salivares, intestino dividido em anterior, médio e posterior.  O sistema circulatório é aberto e apresenta um coração delicado dorsal ligado a uma aorta anterior, não apresentando veias ou capilares.

A respiração é feita através de traqueias muito ramificadas, com espiráculos pares em cada segmento do tórax e abdómen, que transportam oxigénio directamente aos tecidos.

A excreção é geralmente feita por numerosos tubos de Malpighi, embora algumas espécies apenas apresentem um par, fixos na extremidade anterior do intestino posterior.

O sistema nervoso é desenvolvido e está associado a órgãos dos sentidos variados:

  • ocelos - olhos simples;

  • olhos compostos - formados por centenas de pequenas unidades designadas omatídeas, todas ligadas por nervos ao cérebro;

  • quimioreceptores - localizados nas antenas;

  • receptores do gosto - localizados perto da boca;

  • pêlos tácteis variados - distribuídos por toda a superfície do corpo e apêndices. 

Algumas espécies são capazes de captar e produzir sons.

Muitos insectos sobrevivem a temperaturas baixas entrando em estado de dormência. No entanto, algumas das formas maiores realizam migrações de longas distâncias (mais de 4000 Km, como no caso das borboletas monarca, que voam desde o Canadá até ao México para passar o Inverno).

A reprodução pode ser assexuada por partenogénese (em algumas espécies) ou sexuada, com sexos separados e fecundação interna. 

Os ovos apresentam muito vitelo e casca protectora, sendo colocados perto de uma fonte de alimento. O desenvolvimento pode ser directo ou indirecto, dependendo da espécie:

  • ametabolia - comum em insectos sem asas, neste caso os jovens pouco diferem do adulto, apenas aumentando gradualmente de tamanho em mudas sucessivas;

  • metamorfose incompleta - neste caso, as larvas assemelham-se ao adulto mas não apresentam asas nem órgãos reprodutores. A metamorfose em adulto é gradual e está associada ao aumento de tamanho;

  • metamorfose completa - os estados imaturos - larvas - são totalmente diferentes do adulto e sofrem sucessivas mudas. O tempo que decorre entre cada muda designa-se instar. 

A larva é a fase de alimentação do indivíduo, crescendo rapidamente. Este estado pode ser de duração muito variada, desde duas semanas a mais de 17 anos. O último instar ocorre no interior de um estrutura protectora construída pelo animal - casulo - e transforma a larva em pupa ou crisálida. 

Nessa última metamorfose os tecidos e órgãos são totalmente reorganizados e forma-se o adulto. Por este motivo, a pupa é considerada a fase de "repouso" do ciclo de vida. O objectivo único da fase adulta, neste tipo de ciclo de vida, é a reprodução, pelo que muitos insectos não se alimentam e morrem imediatamente após a reprodução.                                                                                                                  TOPO

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